Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
Brasília - A presidente Dilma Rousseff sinalizou nesta sexta-feira, 14, que
não quer celebrações dos militares da ativa por conta do aniversário de 50 anos
do golpe de 31 de março. Dilma mobilizou o ministro da Defesa, Celso Amorim, que
já conversou com os comandantes militares sobre o assunto.
Os chefes militares já haviam aproveitado as reuniões de seus Alto Comandos,
que trataram também das promoções do final do mês, antes do Carnaval, para
avisar aos comandados que evitassem qualquer tipo de polêmica sobre o assunto,
para evitar choques com o Planalto. Os comandantes das forças já haviam
repassado aos seus subordinados a ordem de não serem feitas comemorações fora
dos quarteis e nem festejos internamente.
O tema, no entanto, não será deixado de lado pelas Forças Armadas. No
Exército, por exemplo, o assunto será tratado por meio de palestra e divulgação
de informações para a tropa apenas para que "as novas gerações" não se esqueçam
do que chamam de "fato histórico", contextualizado à época da guerra fria.
O clima na ativa das Forças Armadas, até o momento, é de distensionamento.
Não há movimentações para promover atos para exaltar a data, embora existam
insatisfações em relação à condução dos trabalhos da Comissão da Verdade. Grande
parte dos militares reconhece que houve avanços nos investimentos das Forças
durante os governos Lula e Dilma.
Ainda há grande preocupação com o pessoal da reserva. Ainda não se sabe
exatamente o que eles poderão promover para exaltar os 50 anos da "Redentora",
expressão que usam para se referir ao 31 de março. Para evitar problemas com
estes militares que já estão fora dos quartéis, mas que, quando querem, fazem
barulho, os comandos das Forças Armadas fizeram contatos com os presidentes dos
Clubes Militar (Exército), da Marinha e da Aeronáutica pedindo moderação nas
manifestações. Vários grupos, no entanto, atuam de forma independente e não
costumam atender pedidos dos comandantes.
Quem está no serviço ativo não pode se manifestar, por força do regulamento
militar. Os da reserva não sofrem tantas restrições, mas também têm de seguir
algumas regras e podem ser punidos inclusive com prisão por declarações que
forem consideradas ofensivas à presidente da República.
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