De 2009 a 2013, no Brasil, a venda de tranquilizantes da classe dos benzodiazepínicos, como Rivotril, Valium e Lexotan, aumentou a cada ano. Em 2009, foram comercializadas 12 milhões de caixinhas. Em 2013, 17 milhões. Aumento de 42%, segundo o IMS Health. Não é brinquedo não. É muito psicotrópico. Na Europa, na última década, em nossa contramão, a venda de tais remédios caiu cerca de 30%. Será que o brasileiro já não está tão calmo e feliz?
Será que a vida tumultuada, especialmente nas grandes cidades, está mesmo de amargar? Será que as pessoas não têm paciência, não querem suportar a mínima tristeza ou dor? E se o Brasil perder a Copa? Tais medicamentos são eficientes, rápidos, alguns bem econômicos, mas podem causar dependência, falhas de memória e sonolência, entre outras coisas, se não utilizados adequadamente.
É preciso ficar de olho numa certa glamorização do consumo dos calmantes, no uso por anos a fio, especialmente por jovens, e na falta de receitas e controles adequados. O Rivotril foi o segundo remédio mais vendido em 2013, atrás apenas do anticoncepcional Microvlar. O fato fala por si. Entre 1998-2008, os medicamentos mais vendidos eram Cataflam, Novalgina, Hipoglós e Neosaldina. Pois é, depois dos tempos de antidepressivos famosos como o Prozac, agora parece que entramos na fase meio intranquila dos tranquilizantes.
O Ministério da Saúde e entidades como a Associação Brasileira de Psiquiatria estão de olho e, já este ano, devem ser feitas campanhas públicas nas mídias sociais. Já não é sem tempo. De repente a vida ficou veloz demais, as pessoas não têm ou não dão tempo para si ou para os outros e aceleram o maquinismo psíquico de si e dos outros, tipo assim, Fórmula Um.
Não sei se ainda dá tempo de tirar o pé do acelerador. Tomara que sim. Alguém disse que o tempo se vinga das coisas que são feitas sem a colaboração dele. Dar tempo ao tempo. Será que ainda dá? Ou será que até o tempo atual está com pressa louca? Respirar lento, aceitar o doce e o amargo dos dias, caminhar em vez de correr tanto e dar tempo para as essências, que não ligam muito para o tempo, quem sabe?
Quem sabe o uso de remédios e de bebidas com moderação. Rir ainda é o melhor remédio.
Mesmo e especialmente quando a
gente acha que estava melhor quando estava péssimo. Se não der para rir,
especialmente de nós mesmos, pelo menos podemos achar que o melhor remédio é
viver, simplesmente viver, mais simples, mais lento, sem maiores aditivos.
Jaime Cimenti
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