Desafiados pela hashtag #100happydays, milhares de internautas ao redor do mundo estão tentando mostrar que conseguem ser felizes por cem dias consecutivos. A proposta consiste em postar uma foto por dia na rede social de sua preferência, valorizando um momento feliz. Dê uma olhada na timeline mais próxima e você vai encontrar alguém que aderiu à campanha.
"A capacidade de apreciar o momento é a base para uma ponte em direção à felicidade de longo prazo", propagandeia o texto de convocação do site 100happydays.com — traduzido para 22 idiomas. Mas 71% dos que entraram no desafio não conseguiram chegar até o final. O motivo? "Essas pessoas simplesmente não tinham tempo para serem felizes", diz o texto.
Com essa convocação, o site já conseguiu o cadastro de mais de 350 mil internautas. Quem estaria por trás da iniciativa é um suíço de 27 anos chamado Dmitry Golubnichy, conforme apurou o canal HLN, que pertence ao grupo CNN e se propõe a dissecar as histórias mais vistas e mais compartilhadas das redes sociais. Golubnichy teria proposto um autodesafio em novembro do ano passado e começou a postar fotos felizes no Instagram.
Em dezembro, resolveu compartilhar o desafio com o mundo e criou o site, que logo se tornou um viral. Centenas de blogs passaram a comentar o desafio, e a cada postagem surgem novos adeptos em um país diferente. Foi assim com Thais Amaral, 25 anos. A advogada de Porto Alegre leu uma notícia sobre o desafio e gostou da proposta porque "o pessoal usa muito as redes sociais para reclamar". De fato, pesquisadores da Universidade da Califórnia já haviam chamado a atenção para o potencial de internautas reclamões deixarem seus seguidores de mau humor com seus posts. A tag dos cem dias inverte essa lógica.
— A gente acaba se dando conta de que acontecem muito mais coisas legais durante o dia, não é um momento só, mas temos o costume de focar mais nos problemas — conta a advogada.
A primeira foto foi no aeroporto, onde recepcionou o namorado. O brinde do casal, o passeio do fim de semana, o almoço com a amiga e até o céu azul de Porto Alegre foram outros momentos que valeram o dia para Thais.
De tag em tag, outras amigas começaram a postar.
— A lógica de uma hashtag que se torna viral é sempre a mesma: quanto mais pessoas usarem, mais pessoas vão usar — explica a professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Gabriela Zago, pesquisadora de redes sociais na internet.
Para ela, o fato de não haver uma marca envolvida gera empatia nos internautas, além de ser uma ação positiva. O site tem ainda uma boa estratégia de linguagem visual e textual.
"A capacidade de apreciar o momento é a base para uma ponte em direção à felicidade de longo prazo", propagandeia o texto de convocação do site 100happydays.com — traduzido para 22 idiomas. Mas 71% dos que entraram no desafio não conseguiram chegar até o final. O motivo? "Essas pessoas simplesmente não tinham tempo para serem felizes", diz o texto.
Com essa convocação, o site já conseguiu o cadastro de mais de 350 mil internautas. Quem estaria por trás da iniciativa é um suíço de 27 anos chamado Dmitry Golubnichy, conforme apurou o canal HLN, que pertence ao grupo CNN e se propõe a dissecar as histórias mais vistas e mais compartilhadas das redes sociais. Golubnichy teria proposto um autodesafio em novembro do ano passado e começou a postar fotos felizes no Instagram.
Em dezembro, resolveu compartilhar o desafio com o mundo e criou o site, que logo se tornou um viral. Centenas de blogs passaram a comentar o desafio, e a cada postagem surgem novos adeptos em um país diferente. Foi assim com Thais Amaral, 25 anos. A advogada de Porto Alegre leu uma notícia sobre o desafio e gostou da proposta porque "o pessoal usa muito as redes sociais para reclamar". De fato, pesquisadores da Universidade da Califórnia já haviam chamado a atenção para o potencial de internautas reclamões deixarem seus seguidores de mau humor com seus posts. A tag dos cem dias inverte essa lógica.
— A gente acaba se dando conta de que acontecem muito mais coisas legais durante o dia, não é um momento só, mas temos o costume de focar mais nos problemas — conta a advogada.
A primeira foto foi no aeroporto, onde recepcionou o namorado. O brinde do casal, o passeio do fim de semana, o almoço com a amiga e até o céu azul de Porto Alegre foram outros momentos que valeram o dia para Thais.
De tag em tag, outras amigas começaram a postar.
— A lógica de uma hashtag que se torna viral é sempre a mesma: quanto mais pessoas usarem, mais pessoas vão usar — explica a professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Gabriela Zago, pesquisadora de redes sociais na internet.
Para ela, o fato de não haver uma marca envolvida gera empatia nos internautas, além de ser uma ação positiva. O site tem ainda uma boa estratégia de linguagem visual e textual.
ENTREVISTA — Elizabeth Mendes Ribeiro da Rocha, psicóloga
A psicóloga Elizabeth Mendes Ribeiro da Rocha, especialista em qualidade de vida, fala que o estímulo da #100happydays de focar nas coisas boas da vida é positivo, mas adverte que aprender a lidar com o estresse e a depressão também é importante para a felicidade. Veja os principais trechos da entrevista:
Zero Hora — O desafio 100HappyDays propõe a seguinte pergunta: você conseguiria ficar feliz por cem dias seguidos. Somos capazes disso?
Elizabeth Mendes Ribeiro da Rocha —A tristeza não vem dos fatos em si, mas do nível das nossas expectativas. Se eu tenho uma expectativa muito grande, vou me frustrar mais com a realidade. Se eu ajustar minhas expectativas, meu grau de satisfação aumenta. Ficar feliz por cem dias seria manter sempre o bom humor. Isso exige lidar com a realidade, saber gerenciar o estresse, ter resiliência, uma série de comportamentos que acho bem difícil manter por cem dias.
ZH — Compartilhar as pequenas alegrias do dia a dia nas redes sociais, como propõe o desafio, pode servir de estímulo para uma vida mais feliz?
Elizabeth — A internet ajuda a autoestima, a autoimagem, porque funciona como um grupo de apoio, mas acho difícil que isso consiga interferir completamente na qualidade de vida da pessoa. No sentido de valorar o que é bom, não deixa de ser um exercício, porque as pessoas estão muito queixosas hoje em dia. Por outro lado, sou um pouco contrária a essa euforia exagerada. As pessoas não podem mais se deprimir. Às vezes uma depressão é saudável para reunir as coisas, para elaborar. É preciso começar a refletir também sobre essa cultura da felicidade, e não ter medo da tristeza.
ZH — Ou seja, prestar atenção nas coisas boas do dia a dia durante esse período não necessariamente vai ter impacto na qualidade de vida de maneira mais ampla?
Elizabeth — Acho muito complicado, porque é viver um pouco no princípio do prazer. A realidade é gerenciar o estresse. Fico mais com a visão de que a pessoa feliz é a que tem capacidade de se deprimir, chorar, de amar. Eu, pessoalmente, não acredito que isso (o desafio) eleve a qualidade de vida, que envolve uma série de outros indicadores.
A psicóloga Elizabeth Mendes Ribeiro da Rocha, especialista em qualidade de vida, fala que o estímulo da #100happydays de focar nas coisas boas da vida é positivo, mas adverte que aprender a lidar com o estresse e a depressão também é importante para a felicidade. Veja os principais trechos da entrevista:
Zero Hora — O desafio 100HappyDays propõe a seguinte pergunta: você conseguiria ficar feliz por cem dias seguidos. Somos capazes disso?
Elizabeth Mendes Ribeiro da Rocha —A tristeza não vem dos fatos em si, mas do nível das nossas expectativas. Se eu tenho uma expectativa muito grande, vou me frustrar mais com a realidade. Se eu ajustar minhas expectativas, meu grau de satisfação aumenta. Ficar feliz por cem dias seria manter sempre o bom humor. Isso exige lidar com a realidade, saber gerenciar o estresse, ter resiliência, uma série de comportamentos que acho bem difícil manter por cem dias.
ZH — Compartilhar as pequenas alegrias do dia a dia nas redes sociais, como propõe o desafio, pode servir de estímulo para uma vida mais feliz?
Elizabeth — A internet ajuda a autoestima, a autoimagem, porque funciona como um grupo de apoio, mas acho difícil que isso consiga interferir completamente na qualidade de vida da pessoa. No sentido de valorar o que é bom, não deixa de ser um exercício, porque as pessoas estão muito queixosas hoje em dia. Por outro lado, sou um pouco contrária a essa euforia exagerada. As pessoas não podem mais se deprimir. Às vezes uma depressão é saudável para reunir as coisas, para elaborar. É preciso começar a refletir também sobre essa cultura da felicidade, e não ter medo da tristeza.
ZH — Ou seja, prestar atenção nas coisas boas do dia a dia durante esse período não necessariamente vai ter impacto na qualidade de vida de maneira mais ampla?
Elizabeth — Acho muito complicado, porque é viver um pouco no princípio do prazer. A realidade é gerenciar o estresse. Fico mais com a visão de que a pessoa feliz é a que tem capacidade de se deprimir, chorar, de amar. Eu, pessoalmente, não acredito que isso (o desafio) eleve a qualidade de vida, que envolve uma série de outros indicadores.
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Reportagem por Taís Seibt
Foto: Thais (E) aderiu à brincadeira, postando fotos de momentos felizes, como o passeio com a amiga Foto: Reprodução / Reprodução
Fonte: ZH online, 30/03/2014
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