terça-feira, 24 de março de 2015

" Propina e Gastos de Campanha "

Editorial Zero Hora150324_princ_ter_web

A Procuradoria-Geral da República decidiu investigar a origem de R$ 62,6 milhões destinados a campanhas e registrados na Justiça Eleitoral. A suspeita é de que parte da verba usada para bancar candidatos do PMDB, do PT, do PSDB e de mais de uma dezena de políticos constituía-se na verdade de propina. Políticos envolvidos argumentam com uma suposta “criminalização” das doações, que teriam sido avalizadas pela Justiça Eleitoral. Ainda assim, como alegou o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada, essa é “a maior balela” que existe no país.
O que levaria, de fato, uma empresa privada a bancar campanhas de candidatos de diferentes partidos políticos se não o interesse direto em auferir vantagens mais à frente? Por mais que políticos às voltas com dinheiro suspeito tenham o direito de se defender, é difícil para a população aceitar que não saibam disso. Ou, como alegou o mesmo ex-diretor da estatal, que se trata de um empréstimo disfarçado.
De fato, o que tem ficado cada vez mais evidente, à medida que as investigações da Lava-Jato avançam, é uma atuação sistemática de empresas do setor privado para auferir ganhos na esfera pública. Algumas delas chegam a atuar sob a forma de verdadeiros consórcios. O objetivo, claro, é garantir contratos favoráveis, por meio de licitações direcionadas, num esquema em que servidores, políticos e empresários se beneficiam, prejudicando todos os brasileiros.
Eis aí mais um motivo pelo qual o financiamento de campanhas precisa ser repensado e melhor regulamentado. O país não pode mais continuar convivendo com essa farsa impune em que doação, de fato, é propina disfarçada.

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