quinta-feira, 26 de março de 2015

" Uma Porto Alegre nada Provinciana "

Artigo Zero Hora

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SEBASTIÃO MELO
Vice-prefeito de Porto Alegre

“É uma cidade muito pequena.” Quem já não ouviu esta máxima da boca de algum conhecido? A percepção de que Porto Alegre é uma cidade pequena e provinciana ainda persiste no imaginário de muita gente.
De fato, são corriqueiros os encontros casuais com amigos e conhecidos nesta metrópole de mais de um milhão e quatrocentos mil habitantes. É um “opa” para o ex-colega de colégio que circula no outro lado da calçada. Um abraço daqueles na vizinha que faz compras no Mercado Público. Uma parada no calçadão da orla de Ipanema para conversar com o casal de amigos lá da Glória. E ainda um “quais são as novas” para o parente distante que procura uma barbada no comércio da Azenha ou uma promoção no “super”.
É assim, porque Porto Alegre é uma cidade de trilhas definidas, que combinam geografia com afetos pessoais e imateriais; boemia e boa gastronomia; cultura, esporte e convívio comunitário: Usina do Gasômetro, Esplanada da Restinga, Parques Chico Mendes, Marinha, Redenção e Parcão; Margs e Museu Iberê Camargo; Rua dos Andradas e Lima e Silva; Beira Rio e Arena do Grêmio. Em comum, são lugares, no sentido de possuírem significados para as pessoas.
A permanência das trilhas na história de nossa cidade também simboliza resistência. Os processos de reforma urbana, que varreram o mundo desde o século 19 e dividiram as cidades em guetos, enclausurando os mais pobres na periferia e reservando aos mais ricos o acesso às áreas de lazer, de fruição da cultura e da liberdade, também atingiram Porto Alegre.
Mesmo com a “limpeza social” realizada no Centro Histórico, no início do século 20, até o deslocamento de milhares de pessoas para os limites das suas fronteiras, nos anos 70, nossa cultura democrática têm desobstruído as trilhas de acesso a tudo aquilo que é de cada um dos porto-alegrenses, que é a totalidade da cidade.
Nestes seus 243 anos de história, Porto Alegre vive mais um desafio. Ele combina elementos provincianos e cosmopolitas. Trata-se de fortalecer em todos territórios e estratos sociais uma cultura de cuidado com o outro e com a cidade, para que juntos, governo e sociedade, possam promover um desenvolvimento sustentável.

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