quinta-feira, 26 de março de 2015

" Porto Alegre Me Dói "

Artigo Zero Hora


FELIPE DAROIT
Repórter da Rádio Gaúcha
felipe.daroit@rdgaucha.com.br
 

Porto Alegre completa 243 anos e está mal. Quem aqui já foi assaltado levante a mão. Se você ainda não foi, boa sorte. Em breve, possivelmente, conforme estatísticas, você vai estar com as mãos pro alto pedindo que não o matem.

O que esperar de uma cidade que é banhada por um rio, característica geográfica abençoada, e vira as costas para ele.

 Quilômetros que poderiam ser explorados das mais diferentes formas, mas estão decorados por mato, escuridão e sujeira. Reflexos de históricas décadas de falta de planejamento. 

Talvez seja bom só para tirar fotos do pôr do sol, se você não tiver o equipamento roubado por alguém que vai vender ele por R$ 5 e fumar uma pedra. Mais sorte ainda é não ser arrastado para o meio do mato por algum maníaco sexual.
Andamos em ônibus que parecem estar transportando porcos e que são administrados por empresas familiares que nunca participaram de uma licitação. Nos horários de pico, então, parecemos frangos indo para o abate. Não há espaço nem para mexer os braços e atender ao telefone. Se bem que o telefone não irá tocar, pois o sinal da operadora mal funciona no “paralelo 30″.

As nossas calçadas não têm padrão algum. Cada proprietário tem liberdade para fazer do seu jeito. Para cadeirantes, deve ser semelhante ao Rali Paris-Dakar.
Tente fotografar algum lugar bonito da cidade sem marcas de pichação. Tente também olhar para o céu sem enxergar alguma gambiarra de fios em postes de madeira podre. Tomara que nenhum caia em você. E tomara que você não receba nenhum choque elétrico em alguma parada de ônibus.

Gostaria de saber o que a Isabela Fogaça tinha na cabeça quando cantou Porto Alegre é Demais. E duvido que Kleiton e Kledir ainda venham para Porto Alegre quando se sentem “assim meio down”. 
Se eles estiverem por aqui, devem estar à base de rivotril.

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