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A edição
especial de Natal da sisuda publicação britânica The
Economist estampa na capa um saltitante Papai Noel e a manchete: “A alegria
de envelhecer (ou por que a vida começa aos 46)”. Como eu completo 45 este ano,
fiquei especialmente interessada. Se a vida começa aos 46, pensei, 2011 será o
intervalo antes da segunda parte do filme (de longuíssima metragem, espero) –
aquela hora em que todo mundo levanta para esticar as pernas, fazer xixi e
checar as mensagens no celular. Já em 2012, tudo pode acontecer, inclusive o
mundo acabar, o que seria uma enorme injustiça com todos nós que íamos começar a
viver justamente ali, onde a profecia maia e um filme-catástrofe instalaram um
cataclismo.
O tema da reportagem não é o envelhecimento em
si ou uma nova técnica de cirurgia plástica que vai permitir que Susana Vieira
interprete a própria neta na próxima novela das oito, mas um assunto que tem
atraído cada vez mais pesquisadores de diferentes áreas: a felicidade. Todo
mundo tentando entender o que, afinal, faz uma pessoa, uma família, uma empresa
ou mesmo um país mais feliz do que o outro.
A felicidade, porém, não é uma ciência exata.
Países ricos, por exemplo, tendem a ser mais felizes, mas a correlação entre
dinheiro e felicidade nem sempre é linear – confirmando a tese de que fatores
culturais desempenham um papel importante na percepção de felicidade. Europeus e
norte-americanos estão próximos, e os latinos vêm logo em seguida, mas o
melancólico Portugal se distancia do grupo. Asiáticos são bem menos felizes do
que escandinavos (os mais contentes), e o sofrido Haiti anda perto da Bulgária,
o lugar mais triste do mundo na relação entre renda e felicidade.
Aparentemente, a distribuição de felicidade ao
longo das diferentes fases da vida às vezes também contraria o senso comum. A
imagem de jovens de 30 anos cheios de energia e contentamento convivendo com
pais ou chefes de 60 ou 70 amargurados com as rugas e os limites da idade é
contestada pelas pesquisas apresentadas na reportagem. A felicidade, dizem esses
estudos, desenha uma curva em U: somos muito felizes na juventude, mas os
compromissos da vida adulta (amores, carreira, filhos...) vão roubando nossas
energias até chegarmos ao “fundo do U”, que, em média, chega por volta dos 46
anos (olá, desgraça!). Dali em diante, o inesperado acontece: a vida fica
melhor.
Pessoas mais velhas tendem a evitar bate-bocas,
já aprenderam a controlar suas emoções e a aceitar melhor o que dá errado e são
menos propensas a acessos de raiva repentinos. A capacidade, que só os humanos
têm, de reconhecer a própria mortalidade e de monitorar o próprio tempo no
horizonte faz com que os mais velhos se concentrem no presente e no que é
essencial, deixando de sofrer por bobagem ou por aquilo que não tem conserto – e
é mais ou menos até aí que vai o que a gente entende por felicidade.
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