sábado, 6 de outubro de 2012

" Quando o destino encontra o sonho " ...


                                                           * J.j. CAMARGO É CIRURGIÃO TORÁCICO

                                                                E CHEFE do Setor de Transplantes

                                                                     da Santa Casa de Misericórdia



O comunicar , lá na infância, cheio de pompa e solenidade, o que planejava ser, não tinha idéia do quanto aquilo era apenas um inocente exercício de fantasia delirante.Isso tudo naquela fase
da vida em que não distinguimos o que queremos e o que fazemos de conta,e, na dúvida, acreditamos nos dois.
Mas era muito bom anunciar, que queria ser o Doutor Cássio só para utilizar um modelo visível que reforçasse a c redibilidade dos propósitos.
O Cássio ,na sua fidalguia e disponibilidade, era um generoso exemplo para ser secretamente copiado,nem que fosse só para impressionar as pessoas e , se descobriu depois,podia servir como desculpa,ainda que meio esfarrapada ,para justificar as desastradas operações nas bonecas de minha irmã.
Mas toda a fantasia que se preze deve ser dinâmica e depende de glamourização constante para que sobreviva ao descaso dos que se divertem em ridicularizar.Foi assim que um dia,de tanto ouvir falar de um tal Dr Antunes [ Fulano está mal, mandaram chamar o Dr Antunes "!] ..., o modelo mudou de nome,e comuniquei com gravidade para o meu avô: " estou decidido ,eu quero é ser o Dr Antunes"!
 
Meu avô ainda comentou alguma coisa sobre a importância da fidelidade aos amigos,mas a conversa não se alongou, afinal era apenas um pirralho de seis anos, traindo um modelo fantasioso e clandestino.
Vinte e cinco anos depois,conheci o Dr Antunes, já velhinho, com dois nódulos pulmonares secundários a um tumor de rim,que operara anos antes.Durante os dez dias em que convivemos ,me deliciei com as maravilhosas história de uma vida dedicada à medicina no interior, onde ele fora médico de todos os males,corajoso,competente ,destemido e respeitado pela sua comunidade.Descobri encantado que por pura intuição eu acertara em cheio na escolha da minha silenciosa idolatria.
Quando nos sentamos para as recomendações de alta, ele insistiu em saber o quanto me devia e repeti que não lhe cobraria nada, afinal éramos colegas, e quase não acreeditei que tinha dito aquilo assim, como se fôssemos iguais.
DIante da insistência que ele estava aposentado, que era muito rico e queria muito compensar o atendimento gentil que tinha recebido, não tive outra saída e lhe contei o quanto ele, sem saber, dera asas aos meu sonho de menino e que, por isso, ali o único devedor era eu.
O prolongado abraço foi interrompido pela entrada do clínico desavisado que, ao surpreendê-lo lacrimejando ,disse : " nãp chore , o seu caso é muito bom.Tenha confiança"!
Meio chorando ,meio rindo, ele respondeu : " pelo que o meu doutor aqui me contou, eu tenho certerza que acabei de ser salvo". !!!
 
"NOTA DA BLOGUEIRA< Bernadete de Andrade> já não se faz médicos como estes... o comércio,e
                                                 a vulgarização da medicina,impôs,uma cooperativa,de medíocres...

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