sábado, 6 de outubro de 2012

" Procura-se um médico de família"

                                                             (Tais Luso de Carvalho )



Estava pensando numa palavra que fosse bonita e que me trouxesse algum significado. E lembrei logo: saudade! Fiquei pensando numa de minhas saudades e lembrei dos médicos de família. Sem muito querer, tracei um parâmetro entre os médicos mais antigos e os médicos de hoje.



Há alguns anos existiam os médicos de família: lembro que os pacientes tinham nome, família, eram tratados e examinados com diferença. Hoje somos números; somos fichas ou carteiras plastificadas. Mas dependendo do plano de saúde, ainda agradecemos pelo tratamento um pouquinho diferenciado. Muitas vezes sinto que são tratadas as doenças e esquecidos os doentes, tal a rapidez, tal a objetividade. Talvez entenda o porquê, mas lastimo.



Será que os médicos de hoje não percebem que nós, quando doentes, ficamos frágeis, assustados e carentes de uma palavra amiga? Será difícil para os médicos perceberem que por medo do diagnóstico é que vamos atrás do médico-amigo? E que temos uma parte emocional que facilmente se desestrutura?



São muitos os que divagam atrás de um profissional com estas características; dos médicos que conheciam nosso corpo e nossa alma. Daqueles médicos que sabiam o que estava acontecendo e por quê. Tenho pena de todos e tenho pena de mim.



Minha filha, hoje adulta, encontrou numa confeitaria o seu médico de infância: chorou de emoção. Achei lindo, um ato de eterna gratidão. E eu, naquele momento, tentei segurar meus abalos. Agora, ela não tem mais por quem chorar. E nem eu. Todos já se acostumaram com a frieza do atendimento médico. E com isso ambas as partes perderam.



Se os médicos de hoje soubessem da importância deles, das marcas que deixam em nossas vidas, escutariam mais seus pacientes. Não procuramos um feiticeiro milagroso ou uma promessa falsa; procuramos um ser humano que se interesse pela nossa cura, que tire nossas dúvidas e dê uma palavra de conforto.



São nesses momentos de fragilidade é que precisamos, pelo menos, de um olhar mais terno, mais amigo. Não precisamos de abraços afetuosos nos momentos de alegria e de comemorações: precisamos desse afeto quando nossa alma chora de angústia e de medo. Pouco se vê de humanidade e compaixão. Está tudo tão automatizado, tão impessoal!



Digo-lhes doutores, as doenças nos deixam tão humildes e frágeis que se fosse possível uma pitadinha de compaixão e de calor humano... Aliviariam nossas dores e, talvez, voltaríamos a chorar de emoção e agradecimento. Acredito que jamais serão esquecidos. Não estaria aí o verdadeiro sentido dessa vocação escolhida?



Depois, podem pedir tomografias, ressonâncias, cintilografias... Todos estes avanços tecnológicos que ajudam na precisão do diagnóstico. Mas peço-lhes que não sejam máquinas, doutores, usem um pouco mais o coração.
 
Nota da Blogueira < a essência da vida é a emoção> não possuem nem coração,
                                          nem discernimento,para os diagnósticos... " não sabem "!
                                                                        Bernadete de Andrade
 
 

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