segunda-feira, 8 de outubro de 2012

" Ponha - se no lugar do outro " Liane Alves *

* Liane Alves,escritora
 
 
A compaixão é um dos sentimentos mais poderosos que existem.Diferente da pena,ela envolve atitude,
ação e uma boa dose de coragem.Surpreenda-se com esse amor que nos transforma.A pergunta que se deve fazer ao sentir a compaixão nascendo é : " de que forma posso ajudar agora?"
 
Amor e Sabedoria :< compaixão é amor,sim.Mas uma espécie particular de amor,que pode ser vivenciado de diferentes maneiras.Pode ser passando por cenas como essa descrita no começo,do texto.Ou exercitando a paciência,a tolerância,um estar perto em silêncio.A compaixão pode ser praticada até com socos e palavrões,como os bombeiros são obrigados a fazer quanto têm  de dominar pessoas em pânico para poder salvá - las. Ter compaixão é olhar para o outro e ver o que ele precisa naquele momento.Pode ser um abraço apertado, uma bronca, uma orientação, uma ajuda material.A única condição essencial é que qualquer uma dessas ações parta do coração e que corresponda ao que é preciso naquele instante.Mas,compaixão ,diferentemente do que nossa tradição de catolicismo lusitano pode indicar, está a léguas da pena. Quem tem pena, muitas vezes ,não ama verdadeiramente.
A pergunta que se deve fazer ao sentir a compaixão nascendo dentro do peito é : " de que forma posso ajudar agora ?" !
E a resposta depende tanto de sentimento quanto de raciocínio.Ter compaixão significa aliar amor e sabedoria ,disse o mestre Geshe Lhakdor, um especialista em filosofia budista que estebe no Brasil.
 
Com palavras tão simples,ele Geshe Lhakdor,dá a chave de ouro de como se pode exercitar a compaixão .Porque é preciso sentimento,sim,mas também um certo domínio da situação e inteligência.De outra maneira,ficaríamos só chorando ao lado de quem está sofrendo.Bombeiros e salva - vidas não salvariam pessoas,enfermeiras não conseguiriam cuidar direito de seus pacientes,acompanhantes de pessoas doentes entrariam na mais profunda  depressão. Para ajudar o outro ,compartilhar sua dor,é preciso estar inteiro,íntegro,e não caindo aos pedaços emocionalmente falando,diz a psicóloga Ana Maria Silva,que dá suporte aos contadores de histórias da Associação Viva e Deixe Viver.A entidade tem um programa rigoroso,severe na formação de seus voluntários: de 600 candidatos iniciais,justamente os que têm mais condições psicológicos para exercer a compaixão de forma constante e militante. Isto é,de saber avaliar o que realmente a outra pessoa precisa.Em outras palavras ,é mais prudente não praticar a compaixão de maneira continuada quando ainda não foram resolvidas grandes questões internas,ou, então,quando se deseja ajudar apenas para tentar suprir uma carência afetiva.Primeiro é necessário ajudar a si mesmo.Mais inteiro,pode-se começar a pensar em ajudar os outros de forma mais contónua e responsável,diz.
 
Saber como ajudar : Em seu livro POR UMF IO,o médico e escritor Dráuzio Varella confessa que durante anos se deixou contaminar pelas reações dos doentes,sentindo-se imobilizado,emocionalmente e incapaz de oferecer seus préstimos de médico à altura.Tudo porque não conseguia deixar de pensar no sofrimento pelo qual seus pacientes estariam passando.Com o tempo,Dráuzio aprendeu a não se paralisar de angústia diante de alguém que estivesse sofrendo.Isso não ajudaria em nada o paciente.
Algumas pessoas precisam fazer uma auto- análise ou até terapia antes de resolver ajudar alguém.

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