quinta-feira, 4 de outubro de 2012

" O lugar do Mundo " Taís Luso Carvalho

                                                 O LUGAR DE CADA UM



Gosto de assuntos que tratam de relacionamentos entre as pessoas; entre os desiguais, principalmente: nossas reações, nossas emoções, nossos afetos, frustrações... Sejam atitudes racionais ou descabidas, servem para minha reflexão, e enriquecem minha vida e a de muitos.

Quando vejo alguém falar que se adapta em qualquer lugar, em qualquer esfera social, ambiente de trabalho ou cultural, não acredito! Acredito, sim, em peixe fora d’ água!

Somos fruto de uma educação que não se faz do dia pra noite. Nosso ‘molde’ se aprimora com exemplos, com esforço, com vontade e com o que nossos pais e a sociedade nos oferecem.

Ontem assisti um programa, na televisão, cujo objetivo era mostrar as diferenças e o comportamento do ser humano; como são suas reações num meio que não é o seu. Por melhor que seja.

A regra do programa era uma mudança radical nos hábitos das pessoas. E quando elas têm uma situação social e econômica diferente, a ‘coisa’ complica. Por isso achei curioso.

Assistindo a este programa lembrei de uma empregada que tive, que morava num ‘puxadinho’ de 3 peças, e os filhos dormindo juntos. Mas até aí nada de estranho para nós que vivemos num país de ‘terceiro mundo’: uns muito ricos, outros muito pobres, e outros tantos escandalosamente miseráveis. O estranho foi ela ter falado que não trocaria sua casa pelo meu apartamento. Eu disse apenas ‘pois é’. Ali, comecei a respeitar sua cabeça; não tinha jeito.

Há anos, muitos anos, fui para Alemanha e lá fiquei por dois meses (fui fazer um curso). Andei, conheci, vi e vivi em um país muito desenvolvido. Saí e dei uma voltinha nos arredores, fui à Paris etc e tal e retornei à Alemanha. Fiquei mais um mês. E quase morri!! Não via a hora de voltar! Bateu uma saudade do Brasil, da minha cidade, do meu bairro, da alegria do nosso povo, mesmo com todas as dificuldades que aqui se vive.

Não quero dizer que não achei coisas fantásticas; tudo era fantástico, tudo era muito perfeito para os nossos padrões. Mas eu sou daqui, sou brasileira! Tenho minhas raízes aqui.

Mesmo com um sistema de saúde caótico; mesmo com um sistema penitenciário que não reabilita; mesmo com o problema da fome e da educação; mesmo com nossa tecnologia inferior; mesmo com as falcatruas dos governantes eu quis voltar!

E lembro da minha felicidade ao sobrevoar o espaço aéreo brasileiro, quando pensei algo meio macabro: ‘se esse avião cair, pelo menos morro no meu país!’.

Quando saímos, nosso patriotismo fica exacerbado. A saudade explode no peito e o patético se dá é na volta, quando começam as comparações! Mas com tudo isso... Cada um gosta da sua casa, seja ela como for.

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