" O reinado do celular "
Dica de Leitura!!! boa para
os viciados em celular!!! Martha Medeiros
De
alto a baixo da pirâmide social quase todas as pessoas que eu conheço possuem
celular. É realmente um grande quebra-galho. Quando estamos na rua e precisamos
dar um recado, é só sacar o aparelhinho da bolsa e resolver a questão, caso não
dê pra esperar até chegar em casa. Pra isso - e só pra isso - serve o telefone
móvel, na minha inocente opinião.
Ao contrário da maioria das mulheres, nunca
fui fanática por telefone, incluindo o fixo. Uso com muito comedimento para
resolver assuntos de trabalho, combinar encontros, cumprimentar alguém, essas
coisas relativamente rápidas. Fazer visita por telefone é algo para o qual não
tenho a menor paciência. Por celular, muito menos. Considero-o um excelente
resolvedor de pendências e nada mais.
Logo, você pode imaginar meu espanto ao
constatar como essa engenhoca se transformou no símbolo da neurose urbana. Outro
dia fui assistira um show. Minutos antes de começar, o lobby do teatro estava
repleto de pessoas falando no celular. "Vou ter que desligar, o espetáculo vai
começar agora." Era como se todos estivessem se despedindo antes de embarcar
para a lua. Ao término do show, as luzes do teatro mal tinham acendido quando
todos voltaram a ligar seus celulares e instantaneamente se puseram a discar.
Para quem? Para quê? Para contar sobre o show para os amigos, para saber o saldo
no banco, para o tele-horóscopo?? Nunca vi tamanha urgência em se comunicar à
distância. Conversar entre si, com o sujeito ao lado, quase ninguém
conversava.
O celular deixou de ser uma necessidade para virar uma ansiedade.
E toda ânsia nos mantém reféns. Quando vejo alguém checando suas mensagens a
todo minuto e fazendo ligações triviais em público, não imagino estar diante de
uma pessoa ocupada e poderosa, e sim de uma pessoa rendida: alguém que não
possui mais controle sobre seu tempo, alguém que não consegue mais ficar em
silêncio e em privacidade. E deixar celular em cima de mesa de restaurante, só
perdoo se o cara estiver com a mãe no leito de morte e for ligeiramente
surdo.
Isso tudo me ocorreu enquanto lia o livro infantil O menino que queria
ser celular, de Marcelo Pires, com ilustrações de Roberto Lautert. Conta a
história de um garotinho que não suporta mais a falta de comunicação com o pai e
a mãe, já que ambos não conseguem desligar o celular nem por um instante, nem no
final de semana - levam o celular até para o banheiro. O menino não tem vez. Aí
a ideia: se ele fosse um celular, receberia muito mais atenção.
Não é
história da carochinha, isso rola pra valer. Adultos e adolescentes estão
virando dependentes de um aparelho telefônico e desenvolvendo uma nova fobia:
medo de ser esquecido. E dá-lhe falar a toda hora, por qualquer motivo, numa
esquizofrenia considerada, ora, ora, moderna.
Os celulares estão cada dia
menores e mais fininhos. Mas são eles que estão botando muita gente na palma da
mão.
MEDEIROS, Martha. Coisas da vida: crônicas.
Legal
ResponderExcluirOlá gostaria de saber, quantos parágrafo tem esse texto e quais são eles, estou fazendo um trabalho de português, e no trabalho tem essa pergunta. "Paragrafação-organize o texto em parágrafos" por gentileza poderiam me da Essa ajudinha!! Plis
ResponderExcluirOlá gostaria de saber quantos parágrafo tem este texto. Pois estamos fasendo um trabalho de escola e temos que organizar os parágrafo.. Deus abençoe
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