Pois é, canso de ouvir a
frase: O que
tenho de dizer, digo na cara, sou sincero! Mas que criatura mais
equivocada: isso não é sinceridade, é grossura - qualidade de grosso! Penso que
certas pessoas precisam ser mais esclarecidas, somos como uma pedra bruta,
precisamos ser lapidados nas várias formas de comunicação.
Ora, se alguém me diz que
não vai com a minha cara, não sei não... Eu não perguntei o que ela acha de
minha cara! E são nessas horas que somos meio impulsivos que vem o imprevisível.
Ninguém está preparado para ouvir desaforos gratuitos. E sem saber o porquê
dessa delicadeza.
Jamais se deveria chegar
para alguém, que fez uma plástica para um concurso de beleza, que gastou
horrores, que sofreu muitas dores e dizer que o nariz anterior era melhor, mais
harmonioso com seu rosto. Por que dizer isso se a criatura já fez e não tem
volta? É com esse nariz que ela vai desfilar. São verdades que não precisam ser
ditas na cara, afinal quem é a dona do nariz?
Por que alguém deveria
dizer a um membro da Academia Brasileira de Letras que ele está no lugar errado,
se todos sabem que ele só sairá de lá morto? Existem coisas ditas que só servem
para incomodar. Então, em inúmeras situações, o silêncio é de ouro. Pra que
arranjar sarna pra se coçar? Mas com o tempo a gente vai aprendendo a não
furungar no problema dos outros.
Existem coisas, é lógico,
que temos de partir para o embate, mas outras não. Pessoas agressivas,
intolerantes, arrogantes e autoritárias nunca foram bem aceitas num convívio em
que se espera, no mínimo, um tiquinho de harmonia.
Certas atitudes muito
sinceras - quando não há necessidade - não passam de burrice. O primeiro passo é
se mandar; pra que ficar ouvindo? O segundo passo é riscar a criatura. Mantê-la
perto - por quê? Ninguém é obrigado a nada, muito menos a conviver com
encrencas. Todos gostam de ser tratados com delicadeza e educação. Penso que
essa tal de sinceridade é muito relativa. Serve para certos momentos. Noutros,
boca fechada é sinônimo de paz. Ah, como é bom ter paz!
Por certas insistências é
que se formam os rolos. Todos sabemos que muitas atitudes arremessadas
não passam de coisas plantadas por terceiros ou de suposições vindas não sabemos
de onde. O certo seria pegar o telefone e perguntar: escuta, ó fulano, esta
sua atitude contra mim está baseada em quê? O que está havendo? Você falou tal
coisa mesmo? Isso sim seria um ato de coragem, de pessoas íntegras que
querem clarear o jogo. Jogar limpo.
Vejo, em minhas
observações, que esta seria a melhor atitude partindo de quem se sente atacado e
ofendido. O certo é cobrar uma explicação ou então se afastar para não carregar
uma mochila muito pesada. É a tal coisa: ao deixarmos certas coisas pelo
caminho, nossa mochila vai ficando bem mais leve...
Muitas vezes fazemos
parte de histórias sem começo, meio e fim. É pura confusão. As peças não se
encaixam, ficam tão soltas que se torna impossível de montar o tal
quebra-cabeça, de entender o problema. Penso, sim, que a sinceridade deve
ser a mola mestra para qualquer convivência, mas não dizendo tudo o que vem à
cabeça, aos trambolhões. O certo é ir tateando, até chegar à verdade. Certas
horas precisa-se mais de sensibilidade do que sinceridade para
chegarmos onde queremos.
Partindo que os
relacionamentos, sejam eles quais forem, sempre terão seus altos e baixos; e
sempre sofrerão algumas turbulências, então por que não usar de bom-senso e
tentar ver o que aconteceu? Sempre penso que cabe um sacrifício hoje em favor de
um bom amanhã. E acreditando nisso também acredito que soluções existem,
simplesmente porque ainda existe gente especial. Ninguém precisa colocar
força demais na sua sinceridade.
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