terça-feira, 30 de junho de 2015

" Armadilha do Pragmatismo "

Editorial Zero Hora

Enquanto lideranças petistas buscam inimigos externos para explicar a crise do partido, o ex-governador Olívio Dutra coloca o dedo na ferida e denuncia o pragmatismo político como razão maior da perda de apoio popular e de credibilidade. Na entrevista concedida à edição dominical de Zero Hora, o ex-governador toca numa questão central: os partidos populares se transformaram em máquinas eleitorais, optando por alianças espúrias para conquistar ou se manter no poder.
É salutar que, num momento de perversa combinação entre dificuldades na área política e na econômica, algumas vozes se disponham a apontar essas contradições dentro de partidos cujo discurso dá ênfase ao alinhamento permanente com demandas das bases. No caso específico do PT, não há como desconsiderar o alerta de um dirigente histórico para o qual, na prática, a agremiação caiu “na vala comum da política tradicional”.
Cada vez fica mais evidente que as legendas políticas no país se diferenciam mais nas siglas pelas quais ficam conhecidas do que nos propósitos. Em muitos casos, a motivação preponderante acaba sendo de ordem pessoal, levando ao que o político gaúcho denuncia como a preocupação de ganhar eleição transformada em objetivo principal.
Esse tipo de deformação só teria como ser enfrentado com uma reforma política interessada de fato em mudanças profundas. Por razões óbvias, porém, o que se constata agora no Congresso é a disposição de mexer apenas no acessório, fazendo de conta que muda para deixar tudo como está.

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