sábado, 27 de junho de 2015

" Pronto, mas não funciona "

Artigo Zero Hora


CAIO CIGANA
caio.cigana@zerohora.com.br
Repórter de Zero Hora

Nem deveria mais ser causa de surpresa, mas a toda hora a gestão pública no Brasil nos brinda com mais uma amostra de falta de competência. Em um país com tantas carências em áreas como segurança, saúde e infraestrutura, nem quando novas obras são começadas para tentar melhorar a péssima qualidade dos serviços para os cidadãos há garantias de avanço.

Sei que vivemos dias de dinheiro escasso, mas é revoltante ver prédios públicos prontos sem funcionar e equipamentos adquiridos parados. Nos últimos dias, esta variedade de desrespeito ao contribuinte me desperta especial curiosidade. Aqui no Estado, os exemplos são fartos.

A criminalidade assusta e há falta de vagas para detentos, mas leio que em Canoas o prédio de um presídio está pronto. Falta apenas a ligação elétrica, de água e pintura. Ocorre que o dinheiro acabou e não se sabe quando o local poderá receber presos. Na pindaíba, o Piratini também não tem verba para chamar os agentes que trabalhariam no presídio.

Na saúde, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são promessa de um atendimento mais digno à população, mas só no Estado há 16 prontas que ainda não abriram as portas por impasse entre União, Estado e municípios. Poderiam atender 4 mil pessoas por dia.

Passo todos os dias por um trecho do corredor de ônibus da Avenida Bento Gonçalves. A aparência é de nunca ter sido usado. Mas já estão consertando. 
O excesso de peso dos caminhões é uma das principais causas da buraqueira nas estradas, mas nenhuma balança de fiscalização do Daer ou do Dnit está em operação. Recuperar as rodovias, depois, sai ainda mais caro.

Em Carlos Barbosa, na Serra, há uma agência do INSS que custou R$ 1,3 milhão. Tinindo de nova. E fechada. O prédio foi entregue em fevereiro, mas não atende ao público. Falta a rede de telefonia e internet. E as estações de monitoramento da qualidade do ar? Em Porto Alegre são três. Nenhuma funciona. Terão o mesmo destino os dois helicópteros para serviços aeromédicos que custaram R$ 26 milhões ao Estado?
Incompetência, burocracia e falta de planejamento se conjugam para nos apresentar este festival de barbaridades. 

Equipamentos abandonados por um defeito qualquer e prédios prontos e sem uso são apenas mais um sintoma do quanto somos uma obra inacabada como nação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário