Artigo ZH
LEANDRO DE LEMOS
Economista, presidente do Corecon-RS, professor de Economia da PUCRS
Parece difícil aceitar que a economia brasileira esteja entrando em recessão técnica após alguns anos de taxas de crescimento elevada.
Economista, presidente do Corecon-RS, professor de Economia da PUCRS
" A parte principal está em destravar as barreiras dos investimentos " e ,naturalmente,mudar o Ministro ...Mantega |
Parece difícil aceitar que a economia brasileira esteja entrando em recessão técnica após alguns anos de taxas de crescimento elevada.
É fato que todas as economias têm ciclos, faz parte da lógica quase coercitiva dos mercados e que a condução macroeconômica até poderia ter melhores resultados.
No entanto, desta vez, a causa é conhecida há muitos anos: as travas impostas ao investimento.
O processo de industrialização comandado pelo Estado na Era Vargas subordinou os investimentos públicos e privados à construção do capitalismo no Brasil.
Iniciou-se a instalação dos departamentos _ segundo os fundamentos de Michael Kalecki _ de bens de consumo não duráveis.
No período JK, o de bens de consumo duráveis. E, no período militar, completamos o parque industrial com o departamento de bens de capital.
É uma síntese, e é claro que o processo foi muito mais complexo.
O surpreendente é que, em 1974, o diagnóstico é idêntico ao de 2014. Quarenta anos se passaram e não conseguimos completar o modelo brasileiro de desenvolvimento. Rompemos a dependência da importação de produtos industrializados, mas mantivemos a dependência tecnológica.
Era preciso investir pesado em educação, ciência, tecnologia e inovação para entrarmos no jogo global que àquela época se redesenhava _ estavam nascendo a China, a Coreia do Sul, o Japão e a Suécia de hoje, além do adensamento da tecnologia de ponta dos EUA. As cadeias produtivas se tornavam globais, e nós fechamos as fronteiras.
Ficamos com déficits, dívidas e inflação como herança para cuidar durante 40 anos. Avançamos na inclusão e no crescimento do mercado interno. Mas, atualmente, o foco exclusivo do tripé metas de inflação, superávit primário e câmbio deveria ser apenas base na gestão econômica.
A parte principal está em destravar as barreiras dos investimentos. Sem eles, não há inovação e a economia fica à mercê de ciclos econômicos erráticos e algum crescimento sabidamente insustentável.
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