sábado, 30 de agosto de 2014

" iDENTIFICAR E PUNIR "

Editorial  ZH



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A jovem torcedora do Grêmio flagrada pela televisão no momento em que ofendia o goleiro do Santos com injúrias raciais já foi identificada e certamente será responsabilizada legalmente por seu ato.
 
Espera-se que outras pessoas que tiveram atitude semelhante também sejam punidas na medida exata de sua participação no lamentável episódio.
 
Manifestações racistas têm que ser combatidas sem tréguas, no futebol e em outros setores da sociedade. Tão importante quanto a punição, porém, é a formação de uma cultura de conscientização e de convivência com a diversidade em todas as suas formas.

Por isso é essencial que episódios como o da última quinta-feira na Arena do Grêmio sejam debatidos amplamente, até que se dissemine pelo país a ideia de que práticas toleradas no passado já não podem mais ser aceitas. Xingamentos e ofensas de natureza racial são fáceis de identificar, mas o preconceito sutil _ o grito anônimo no meio da multidão, as piadinhas, os apelidos aparentemente inocentes _ também contribui para a discriminação.

O futebol é hoje, talvez, a vitrine mais visível do racismo. No caso referido, porém, deve-se ressalvar que a maioria das 30 mil pessoas presentes ao jogo Grêmio x Santos não compartilha, não aceita e não pode ser responsabilizada pela estupidez dos torcedores que ofenderam o goleiro Aranha.
 
Da mesma forma, o clube parece disposto a colaborar nas investigações policiais e a contribuir para que essas pessoas sejam excluídas de sua torcida.

Não pode ser de outra maneira. Por mais que as atitudes racistas causem indignação, seus autores têm que ser punidos na exata dimensão de suas responsabilidades.
 
 Punições generalizadas, que possam atingir também inocentes, não são justas nem dissuasórias. Porém, é inaceitável que se deixe de punir sob o pretexto da dificuldade de identificação.
 
Atualmente, com a proliferação de câmeras de vigilância, com as transmissões por televisão e com a produção individual de imagens através de celulares e smartphones, há muito mais recursos para uma investigação criteriosa que leve efetivamente aos autores das injúrias.

Para sermos eficientes no combate à discriminação, é impositivo que sejamos, acima de tudo, justos nos nossos critérios e avaliação e julgamento.


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