sábado, 23 de agosto de 2014

" Velhos e Novos Alunos "

Artigo ZH


GIUSEPPE REPETTO
Médico e professor universitário
 








 Sou professor há 44 anos, volta e meia ouço a seguinte pergunta feita por algum interlocutor conhecedor da minha longa saga: “Você acha os estudantes atuais menos aplicados e respeitosos dos de antigamente?”. Hoje, novamente, um paciente perguntou: doutor, o senhor acha que o atendimento médico está decaindo porque os estudantes são piores?
Engraçado, muito ouvi esta pergunta, porém nunca cheguei a uma resposta, por quê? Por que nunca tive certeza do que deveria responder! Mais tarde, filosofando sobre a pergunta cheguei à conclusão que resposta é não!

Iniciei meus estudos de medicina na década de 60, éramos um grupo heterogêneo de jovens que tinham cursado o secundário nas mais diversas escolas e superado o temido exame vestibular. Durante o curso convivi com meus colegas diariamente, mais intensamente com aqueles dos pequenos grupos, assim divididos para as aulas práticas. O ensino médico somente funciona quando individualizado. É impossível ensinar a examinar o abdômen, escutar o coração ou palpar uma tireoide em um grupo maior de cinco alunos.

Já naquela época, como estudante, pude observar que há três categorias de alunos: um restrito grupo de bons, um grande grupo de médios e 10% de maus. Durante o curso, quem mais sofreu modificações foram os médios, influenciados por dois fatores: interesses individuais pelas diversas especialidades e competência dos professores. No entanto o comportamento dos maus alunos nada ou ninguém conseguiu modificar, salvo raríssimas exceções.

Mais tarde, ao passar para o corpo docente da faculdade, pude verificar nas turmas que lecionei e ainda leciono que se mantém o mesmo padrão de conduta e a proporção entre os bons e maus alunos. Com o passar do tempo, concluí que sempre teremos um pequeno grupo de alunos ruins, mas a maioria é boa! Certamente, os maiores motivadores para essa qualificação são a competência do mestre em ensinar a relação aluno/professor. “Ensinar não é um ofício é uma arte.”
Agora, finalmente, posso verbalizar uma resposta: não, definitivamente, os alunos não estão piorando, acho até que são melhores!


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