terça-feira, 26 de agosto de 2014

" Mudança de Discurso "

Editorial ZH


Numa mudança de discurso em relação ao que vinha adotando até agora, a presidente da República, Dilma Rousseff, deixou no último domingo de atribuir as denúncias de má gestão na Petrobras a interesses políticos, argumentando que não se pode confundir as pessoas com a instituição.
 
 A presidente alegou que servidores responsáveis por malfeitos devem ser punidos, deixando claro que a instituição precisa ser preservada por sua importância para o país. Independentemente de ser motivada ou não pelo clima de campanha eleitoral, o certo é que a manifestação reforça a importância das investigações relacionadas a distorções na administração da empresa.
 
E, particularmente, de manobras como as feitas pela presidente Graça Foster e pelo ex-diretor Nestor Cerveró, de repassar bens a parentes para se livrar de eventual responsabilização pelo mau negócio da refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos).

Como ressaltou a presidente, “não se pode confundir as pessoas com as instituições”. A Petrobras, alegou, é muito maior do que qualquer agente dela, seja diretor ou não, que cometa equívocos e crimes. Se alguém for julgado, condenado, isso não significaria, portanto, uma condenação da empresa. Daí a importância de que haja o máximo de transparência nas investigações envolvendo o mau uso de uma estatal, que se constitui em motivo de orgulho para os brasileiros.

Na última semana, a Polícia Federal deflagrou a quinta fase da Operação Lava-Jato, que apura suspeitas de um esquema de lavagem de bilhões de reais na estatal. E caberá ao Tribunal de Contas da União (TCU) a decisão final sobre a iniciativa de dirigentes da corporação, incluindo a presidente Graça Foster, de transferirem patrimônio particular a familiares numa tentativa de evitar seu bloqueio por conta de equívocos na aquisição de Pasadena. Ainda que possa ter amparo legal, a doação de imóveis particulares dos gestores reforça de forma inequívoca quais são as suas reais prioridades.

A importância da Petrobras para os brasileiros está acima dos interesses de quem se valeu da política para assumir sua gestão e precisa, assim, responder por eventuais erros cometidos. É por isso que a presidente opta corretamente ao privilegiar a defesa da empresa, não a de quem a submete a equívocos de gestão ou a vê como trampolim para ganhos pessoais.


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