sexta-feira, 22 de agosto de 2014

" A ( in ) tolerância às diversidades "


                                    Artigo ZH

[ No Rio Grande do Sul, temos uma bela História de convivência harmoniosa entre árabes e judeus ]

 
Idete Zimerman Bizzi
Médica, psiquiatra e psicanalista
Uma das grandes contribuições da psicanálise à civilização é a noção de que o bem e o mal, na alma humana, coexistem e travam constantes lutas pelo poder. Os grupos, igualmente, não podem ser avaliados sob uma ótica maniqueísta.

Tomemos Israel e Palestina. O que mais se vê, infelizmente, são formulações reducionistas. Israel faz baixas civis, e, num piscar de olhos, “os judeus são genocidas”.
 
O Hamas choca com sua guerrilha terrorista, e, “os palestinos são uns bárbaros”. A mídia parece reforçar esse extremismo. Lê-se, diariamente, que alguém é “pró-Palestina”, no que fica subentendido ser um posicionamento contrário a Israel. Por quê? Por que não posso ser pró-Palestina e pró-Israel?

Israel tem seis décadas de existência. Tempo ínfimo se comparado aos milênios de história dos judeus, que revelam um povo com óbvio pendor pacifista e sólida base de valores humanos. Vezes sem conta perseguidos em suas terras natais, acabaram se dispersando pelo mundo. Eis aí um povo que merece uma nação.

O povo palestino, igualmente antigo, testemunhou a formação de fortes nações árabes ao seu redor, sem conseguir fazer o mesmo. E um dia viu-se obrigado a abrir mão de parte do território que ocupava havia séculos. É um povo desgastado, que hoje conta, basicamente, com duas lideranças: o Hamas, grupo terrorista, que não se mostra comprometido em proteger a população, e a Fatah, que apoia a coexistência dos dois Estados. Eis aí um povo que merece uma nação.
Quiçá fossem duas nações democráticas, nas quais a besta da intolerância perdesse, em força, para o respeito ao próximo. Mas o homem convive com o claro e o escuro dentro de si, o que pode ser bastante desconcertante. Se eu puder acreditar que todo o mal está depositado nos meus inimigos, “aquela corja”, eu me torno puro e virtuoso. É o famoso “bode expiatório”, que funciona em bases tão falaciosas quanto ineficazes. Mas chega como um tsunami, destruindo o bom senso.

Nós, aqui no RS, na contracorrente disso, temos uma bela história de convivência harmoniosa entre árabes e judeus. Torço para que saibamos preservá-la e reforçá-la.


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