Adivinhos de todos os signos e de todos os credos já fazem aquecimento para a virada do ano. Sou cético de nascença, mas também me arrisco a fazer uma previsão: eles vão errar quase tudo. Claro que, com tantos chutes na Lua, alguém sempre pode tirar a Mega Sena da adivinhação e fazer o seu nome em cima disso. E tem aquelas que são pule de 10: um ator de novela vai morrer, um político ilustre não vai se eleger, um cantor de rock vai se envolver com drogas, um jogador de futebol ficará fora da Copa por lesão... Isso até eu sou capaz de prever.
Quero ver é o cara dizer que o Papa vai renunciar e que um argentino assumirá o seu lugar. Quero ver o sujeito jogar os búzios e alertar para as manifestações de rua que explodiram em junho pelas ruas do Brasil. Ou um desses estudiosos das estrelas avisar que no dia 15 de fevereiro um meteoro de 10 toneladas cruzará os céus da Rússia, quebrará vidraças e provocará ferimentos em cerca de mil pessoas. Como se vê, nem mesmo as previsões de cunho científico são precisas – que o diga o Cléo Kuhn, porta-voz diário da inconstância das nuvens.
Não faltará alguém para alegar que acertou a morte do Mandela (que tinha 95 anos) ou do Hugo Chávez (já doente). E a quebra do Eike Batista? E as denúncias do Snowden sobre a espionagem americana? Se olharmos para as retrospectivas do ano, que estão sendo apresentadas pelos veículos de comunicação, dificilmente perceberemos algum desses oráculos.
Os melhores (e talvez os únicos) visionários são aqueles que colocam o futuro na ponta da ferramenta. Se não podemos prever o futuro, podemos construí-lo. Mas isso, com todo respeito aos defensores das ciências esotéricas, se faz muito mais com trabalho do que com bola de cristal. Não estou condenando quem faz previsões ou quem acredita nelas. É humano acreditar, como é humano rezar para que aconteça aquilo que a gente deseja. Só condeno quem explora a boa-fé dos crentes e utiliza a enganação em benefício próprio.
Também reconheço que tentar adivinhar o amanhã não é só uma brincadeira. Apostadores, políticos, economistas, investidores e cientistas, entre outros, dedicam-se a exercícios de futurologia com a maior seriedade, muitos deles arriscando fortunas e carreiras. Normalmente se saem melhor aqueles que dão uma forcinha para o futuro, preparando-se para sua chegada.
Que 2014 seja um ano maravilhoso para todos – mas, por favor, não esqueçam de viver cada dia como se não houvesse calendário. Quem não luta pelo futuro que quer acaba tendo que aceitar o que vier.
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