EDITORIAIS
O retrato sem retoques do ano letivo da turma 11F do Colégio Julio de Castilhos, publicado ontem em oito páginas de Zero Hora, explica muito sobre as causas que colocam o ensino brasileiro no fim da fila nas avaliações internacionais. Ao acompanhar de perto a rotina de alunos e professores do primeiro ano do Ensino Médio de uma das maiores e mais tradicionais escolas públicas do Estado, os jornalistas Letícia Duarte e Félix Zucco constataram e revelaram uma realidade deprimente que as estatísticas oficiais mascaram, os governantes fingem não ver e a sociedade tolera. Mas a verdade é insofismável: enquanto esse problema não for enfrentado com coragem e inteligência, o país continuará condenado à estagnação.
São inúmeras as mazelas do ensino público no país, algumas delas também replicadas na rede privada: alunos desinteressados, professores estressados e faltosos, pais ausentes, governos lenientes, programas de aprovação automática de quem não aprende, concorrência da tecnologia e até do tráfico de drogas. A situação parece desesperadora, mas, se todos nos envolvermos na busca de soluções efetivas, pode se tornar apenas desafiadora.
Números de evasão e repetência já não comovem ninguém, até mesmo porque se tornaram inconfiáveis depois que as autoridades inventaram a progressão automática, o ensino politécnico e outras maneiras criativas de disfarçar o fracasso escolar. Percentuais de ausência de professores também passam quase despercebidos, pois a maioria dos pais de alunos da rede pública exige apenas que as crianças permaneçam na escola e recebam merenda. Mais de 70% dos pais se dizem satisfeitos com a escola dos filhos, mas poucos acompanham de perto o aprendizado.
A realidade mostrada pela reportagem não deixa margem para enganações. Registra o dia a dia de professores e alunos, suas dificuldades cotidianas para aprender e ensinar, a impotência dos pais para interferir, a negligência dos governantes, a falência de um sistema de ensino que sequer consegue transformar a tecnologia de inimigo em aliado, o acobertamento de faltas e a desilusão de docentes bem-intencionados mas incapazes de mudar o atual estado de coisas.
Tem jeito, certamente. Sempre tem jeito. Mas é preciso que todas as pessoas envolvidas no processo façam a sua parte, abandonando resistências e buscando instrumentos para preparar melhor os professores, valorizar o magistério, envolver os pais e conquistar a atenção dos alunos. A crise escancarada pela reportagem não é apenas do Julinho – é da escola pública brasileira, evidentemente com as reconhecidas exceções. Pois, se temos exceções, temos também potencial para superar qualquer crise.
O retrato sem retoques do ano letivo da turma 11F do Colégio Julio de Castilhos, publicado ontem em oito páginas de Zero Hora, explica muito sobre as causas que colocam o ensino brasileiro no fim da fila nas avaliações internacionais. Ao acompanhar de perto a rotina de alunos e professores do primeiro ano do Ensino Médio de uma das maiores e mais tradicionais escolas públicas do Estado, os jornalistas Letícia Duarte e Félix Zucco constataram e revelaram uma realidade deprimente que as estatísticas oficiais mascaram, os governantes fingem não ver e a sociedade tolera. Mas a verdade é insofismável: enquanto esse problema não for enfrentado com coragem e inteligência, o país continuará condenado à estagnação.
São inúmeras as mazelas do ensino público no país, algumas delas também replicadas na rede privada: alunos desinteressados, professores estressados e faltosos, pais ausentes, governos lenientes, programas de aprovação automática de quem não aprende, concorrência da tecnologia e até do tráfico de drogas. A situação parece desesperadora, mas, se todos nos envolvermos na busca de soluções efetivas, pode se tornar apenas desafiadora.
Números de evasão e repetência já não comovem ninguém, até mesmo porque se tornaram inconfiáveis depois que as autoridades inventaram a progressão automática, o ensino politécnico e outras maneiras criativas de disfarçar o fracasso escolar. Percentuais de ausência de professores também passam quase despercebidos, pois a maioria dos pais de alunos da rede pública exige apenas que as crianças permaneçam na escola e recebam merenda. Mais de 70% dos pais se dizem satisfeitos com a escola dos filhos, mas poucos acompanham de perto o aprendizado.
A realidade mostrada pela reportagem não deixa margem para enganações. Registra o dia a dia de professores e alunos, suas dificuldades cotidianas para aprender e ensinar, a impotência dos pais para interferir, a negligência dos governantes, a falência de um sistema de ensino que sequer consegue transformar a tecnologia de inimigo em aliado, o acobertamento de faltas e a desilusão de docentes bem-intencionados mas incapazes de mudar o atual estado de coisas.
Tem jeito, certamente. Sempre tem jeito. Mas é preciso que todas as pessoas envolvidas no processo façam a sua parte, abandonando resistências e buscando instrumentos para preparar melhor os professores, valorizar o magistério, envolver os pais e conquistar a atenção dos alunos. A crise escancarada pela reportagem não é apenas do Julinho – é da escola pública brasileira, evidentemente com as reconhecidas exceções. Pois, se temos exceções, temos também potencial para superar qualquer crise.
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