quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

" Prevenir para Economizar "

 


A falta da boa
técnica é um
malefício que
precisa ser
combatido por
quem especifica e/ou
detalha projetos
                                                   FERNANDO CAMPOS DE SOUZA*
As mídias apresentam, com frequência, os efeitos devastadores produzidos por temporais em centenas de casas, causando suas desocupações e prejuízos pela perda de bens e as posteriores despesas de reconstrução e de reposições. Trata-se de uma calamidade nacional periódica.
 
Temporal de curta duração provocou estragos em Candelária (Foto: Tiago Guedes/RBS TV)

    Medidas são necessárias para evitarem-se esses prejuízos.

Como engenheiro construtor, em décadas passadas, e como professor que fui, de técnicas da construção, na UFRGS, sinto-me na obrigação de mostrar como diminuir esse grave problema, que deriva do uso de materiais e técnicas inadequados de construção e sua repetição, quando das reconstruções.
Essas técnicas são uma simplificação das que deveriam ser empregadas e têm como alvo o barateamento das construções e a possibilidade de construir mais por menor valor. Trata-se de um equívoco, pois os custos das recuperações de obra e de bens terá um valor sempre crescente ao longo dos anos.
Este custo inicial será multiplicado pelo número de vezes que for preciso reconstruir o telhado!
As principais falhas são o emprego de telhas demasiado leves e mal fixadas, a
falta de ancoragem do madeiramento de suporte das telhas aos seus apoios e a falta de cinta de concreto armado sobre as paredes que apoiam o madeiramento, à qual este madeiramento deveria ser energicamente amarrado.
Essas falhas permitem que ventos muito fortes produzam a sucção do telhado, arrancando as telhas e até o próprio madeiramento!
Devem ser usadas telhas mais pesadas de fibrocimento, sem amianto, mas com maior espessura, isto é, de 6 milímetros ou 8 milímetros, em vez das de 4 milímetros, ou telhas cerâmicas, que previnem, ainda, a destruição do telhado pelo granizo e diminuem o calor no interior das habitações.

Quanto ao madeiramento, devem ser usadas peças de maior robustez, em vez dos sarrafos usualmente empregados.
O aumento de custo da troca das telhas de 4 milímetros para 8 milímetros e o uso de peças de madeira mais robustas seria de pouco mais do dobro, o que já seria lucro, se fossem necessárias pelo menos duas reposições, isto sem levar em conta a reposição dos bens móveis perdidos a cada destelhamento, além do inconveniente das desocupações das moradias.
A falta da boa técnica é um malefício que precisa ser combatido por quem especifica e/ou detalha os projetos e pelos órgãos governamentais que contratam ou que fiscalizam as obras.
A prevenção, sem dúvida, trará economia.



*Engenheiro civil e professor titular aposentado da UFRGS

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