quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Editorial " Tributo a Mandela "

 

131211princquaWEBO homem mais poderoso do mundo reverenciou o mais digno.

Primeiro a falar, entre os 91 líderes mundiais que representavam seus Estados no estádio Soccer City de Joanesburgo para homenagear a memória de Nelson Mandela, o presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, assumiu informalmente a condição de porta-voz da humanidade para fazer um agradecimento ao povo da África do Sul: “O mundo agradece a vocês por terem compartilhado Nelson Mandela conosco” _ disse. Embora ovacionado pelo público, o norte-americano foi apenas mais um protagonista no comovente espetáculo promovido pelos sul-africanos para celebrar (sim, foi uma celebração da vida e não um lamento pela morte) o exemplo e o legado do homem que pacificou um país dividido pelo ódio racial. Nelson Mandela, como lembrou a presidente Dilma Rousseff no seu pronunciamento em português feito logo depois de Obama, transformou-se em um paradigma para todos os povos que lutam pela justiça, pela liberdade e pela igualdade. Cabe reconhecer, a propósito, a bela iniciativa do governo brasileiro de incluir na comitiva quatro ex-presidentes.
Mais do que os elogios uníssonos dos governantes, do secretário-geral da ONU, dos familiares e amigos do líder morto, porém, o que se evidenciou na cerimônia de ontem foi a maneira escolhida pela África do Sul para homenagear o seu maior filho e também o pai de todos os sul-africanos, como o definiu o presidente do país, Jacob Zuma. Foi com muita música, com cantos e danças africanas, com flores e cores, com imagens de seu sorriso inesquecível, que Mandela foi lembrado. Um justo e adequado tributo ao ser humano que “odiava o ódio e mostrou um grande poder para perdoar”, na inspirada observação do secretário Ban Ki-moon.

Até a chuva que insistiu em cair durante a cerimônia de ontem serviu de pretexto para uma alegoria bonita, utilizada pelo sul-coreano que comanda a ONU, lembrando que sairia de lá com o arco-íris no coração, em alusão ao fenômeno óptico e meteorológico escolhido pelo bispo e Prêmio Nobel Desmond Tutu para simbolizar a sua nação. O símbolo multicolorido representa a diversidade étnica do país e também a alegria contagiante do povo sul-africano.
Maior personalidade do século 20, na fala emocionada da presidente Dilma, Nelson Mandela assistiu dos telões e dos cartazes as homenagens que lhe foram prestadas por lideranças dos cinco continentes e, do plano onde está, para quem crê na permanência do espírito, deve ter reparado no aperto de mão dos presidentes Obama e Raúl Castro, de Cuba, um pequeno gesto representativo da conciliação que tanto pregou depois do longo período de prisão.
O melhor tributo que os povos de todo o mundo podem prestar a Nelson Mandela é exatamente seguir o seu exemplo.


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