por Eugenio Mussak
|
...dizem que as pessoas são
divididas entre as que gostam de cachorros e as que gostam de gatos. As que
gostam de cachorros seriam mais carentes, por isso adotam bichos que dão mais
atenção,paparicam, fazem festa quando chegamos.Quem gosta de gatos é mais
resolvido,precisa de menos validação afetiva.Se é assim,então sou um
carente,pois sempre preferi cachorros.Na VERDADE , o que sempre me encantou foi
a imensa capacidade de comunicação e interação que os cães têm conosco.Lembro de
meus cachorros da infância,meus insepáráveis companhieros de brincadeira e
aventuras.Sem eles, minha vida teria tido menos graça.
Só conheci de verdade os gatos bem
mais tarde, quando minha filha,foi estudar fora e deixou sob nossa guarda
provisória a Malha,uma felina que arrebatou meu coração.Travessa
,inteligente,elástica ,perfeita como máquina fisiológica,a Malha conquistou
Preta,com quem brincava de correr,e a todos os humanos,cujos olhos fitava
profundamente.Só que a filha voltou e a levou ... Saudades!
" nós e os animais "
A relação dos humanos com os
animais é longa, e poderia ser dividida em três fases. Na primeira ,os homens
conferiam a certos animais qualidades divinas e os cultuavam como representações
de deuses. Para os antigos egípcios ,por exemplo,Rá ,a principal divindade ,era
o deu- sol ,e Bastet ,que representava a fertilidade e o amor ,tinha a forma de
um gato.
A segunda fase , que pode ser
chamada de econômico - utilitarista , é marcada pela percepção da utilidade de
certos animais como fonte de alimento,abrigo,proteção,transporte,e, como
consequência riqueza. O Brasil é, por exemplo,o maior exportador mundial de
carne bovina e de aves,e precisa disso para equilibrar a balança de
pagamentos.
Ainda como parte dessa
fase,encontramos o uso de animais para fins científicos ,o ponto mais
polêmico.Teríamos ,em nome da ciência ,o direito de submeter animais a
experiências com potencial de fazê-los sofrer??? !!!
Teríamos ,por outro lado,a opção
de não fazê-lo,sabendo que isso pode salvar vidas h umanas ? Os recentes
acontecimentos confirmam a importância dessa questão ética.A discussão está em
aberto.
Mas é sobre a terceira fase que
escrevo.
Esssa poderia ser chamnada de "
fase afetiva ", considerando a proximidade emocional entre os homens e os
animais,incluindo as relações muito próximas com os chamados bichos de
estimação,ou simplesmente pets.
Em inglês " pet " tem dois
significados * bichinhos de estimação.Como verbo * to pet ,quer dizer
acariciar.
Adoro acariciar meus bichos e
receber abanos de rabos.Mas gostaria de questionar o verbo " servir " .Será que
a melhor maneira de entender essa relação é conferir uma serventia para ele ?
Não seria essa uma forma de transformá-lo em um objeto de uso e, assim,diminuir
sua essência ?
De fato ,o homem, em sua
arrogância de " ser superior " , dividiu os outros seres vivos entre os que "
servem" e os que " não servem ".Em uma visão ampliada ,a serventia de um ser
vivo é viver e conviver.Manter-se vivo e contribuir com a vida de outros,seja em
quantidade ou em qualidade.Então quem adota,ou compra um cachorro, um gato ou
outro bichinho qualquer não está comprando um brinquedo - está iniciando uma
relação de reciprocidade.Trata-se de um mutualismo.O servir tem duas
mãos.
Humanizar
Eu tenho uma visão pessoal sobre
esses personagens peluudos: eles são seres não humanos
que,curiosamente,humanizam os ambientes.Talvez porque sua
simplicidade,espontaneidade e amorosidade liberam ,nos humanos, o que eles têm
de melhor.As relações entre pessoas,cheias de expectativas,cobranças e
julgamentos,muitas vezes nos embrutecem e nos fazem representar papéis que não
queríamos.Diante de um bichinhos,somos o que somos,sem máscaras.Isso é o que os
bichos fazem de melhor por nós.Nos deixam melhores.
Mas não podemos deixar de observar
a reciprocidade .Afinal, o que eles esperam de nós ? Basta dar-lhes
comida,abrigo e atenção ? Acho que não.Acho que quem adota um bicho deve
considerar que ele tem o direito de ser feliz.Só que isso dá trabalho,algum
trabalho, preocupação e despesa.Gente sem essa disposição não deveria ter
um.
Os nossos peludos, não são só um
gato,só um cachorro ! Eles são a representação viva e material do que há de
melhor na essência humana.A capacidade de amar , pelos simples ato de amar.E, de
cuidar.Pela consciência de que é isso que mais nos dignifica e nos
humaniza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário