terça-feira, 10 de dezembro de 2013

" Nossos Bichinhos "

                       por Eugenio Mussak
...dizem que as pessoas são divididas entre as que gostam de cachorros e as que gostam de gatos. As que gostam de cachorros seriam mais carentes, por isso adotam bichos que dão mais atenção,paparicam, fazem festa quando chegamos.Quem gosta de gatos é mais resolvido,precisa de menos validação afetiva.Se é assim,então sou um carente,pois sempre preferi cachorros.Na VERDADE , o que sempre me encantou foi a imensa capacidade de comunicação e interação que os cães têm conosco.Lembro de meus cachorros da infância,meus insepáráveis companhieros de brincadeira e aventuras.Sem eles, minha vida teria tido menos graça.



Só conheci de verdade os gatos bem mais tarde, quando minha filha,foi estudar fora e deixou sob nossa guarda provisória a Malha,uma felina que arrebatou meu coração.Travessa ,inteligente,elástica ,perfeita como máquina fisiológica,a Malha conquistou Preta,com quem brincava de correr,e a todos os humanos,cujos olhos fitava profundamente.Só que a filha voltou e a levou ... Saudades!
                          " nós e os animais "
A relação dos humanos com os animais é longa, e poderia ser dividida em três fases. Na primeira ,os homens conferiam a certos animais qualidades divinas e os cultuavam como representações de deuses. Para os antigos egípcios ,por exemplo,Rá ,a principal divindade ,era o deu- sol ,e Bastet ,que representava a fertilidade e o amor ,tinha a forma de um gato.
A segunda fase , que pode ser chamada de econômico - utilitarista , é marcada pela percepção da utilidade de certos animais como fonte de alimento,abrigo,proteção,transporte,e, como consequência riqueza. O Brasil é, por exemplo,o maior exportador mundial de carne bovina e de aves,e precisa disso para equilibrar a balança de pagamentos.
Ainda como parte dessa fase,encontramos o uso de animais para fins científicos ,o ponto mais polêmico.Teríamos ,em nome da ciência ,o direito de submeter animais a experiências com potencial de fazê-los sofrer??? !!!
Teríamos ,por outro lado,a opção de não fazê-lo,sabendo que isso pode salvar vidas h umanas ? Os recentes acontecimentos confirmam a importância dessa questão ética.A discussão está em aberto.
Mas é sobre a terceira fase que escrevo.
Esssa poderia ser chamnada de " fase afetiva ", considerando a proximidade emocional entre os homens e os animais,incluindo as relações muito próximas com os chamados bichos de estimação,ou simplesmente pets.




Em inglês " pet " tem dois significados * bichinhos de estimação.Como verbo * to pet ,quer dizer acariciar.
Adoro acariciar meus bichos e receber abanos de rabos.Mas gostaria de questionar o verbo " servir " .Será que a melhor maneira de entender essa relação é conferir uma serventia para ele ? Não seria essa uma forma de transformá-lo em um objeto de uso e, assim,diminuir sua essência ?
De fato ,o homem, em sua arrogância de " ser superior " , dividiu os outros seres vivos entre os que " servem" e os que " não servem ".Em uma visão ampliada ,a serventia de um ser vivo é viver e conviver.Manter-se vivo e contribuir com a vida de outros,seja em quantidade ou em qualidade.Então quem adota,ou compra um cachorro, um gato ou outro bichinho qualquer não está comprando um brinquedo - está iniciando uma relação de reciprocidade.Trata-se de um mutualismo.O servir tem duas mãos.
Humanizar
Eu tenho uma visão pessoal sobre esses personagens peluudos: eles são seres não humanos que,curiosamente,humanizam os ambientes.Talvez porque sua simplicidade,espontaneidade e amorosidade liberam ,nos humanos, o que eles têm de melhor.As relações entre pessoas,cheias de expectativas,cobranças e julgamentos,muitas vezes nos embrutecem e nos fazem representar papéis que não queríamos.Diante de um bichinhos,somos o que somos,sem máscaras.Isso é o que os bichos fazem de melhor por nós.Nos deixam melhores.
 
Mas não podemos deixar de observar a reciprocidade .Afinal, o que eles esperam de nós ? Basta dar-lhes comida,abrigo e atenção ? Acho que não.Acho que quem adota um bicho deve considerar que ele tem o direito de ser feliz.Só que isso dá trabalho,algum trabalho, preocupação e despesa.Gente sem essa disposição não deveria ter um.
Os nossos peludos, não são só um gato,só um cachorro ! Eles são a representação viva e material do que há de melhor na essência humana.A capacidade de amar , pelos simples ato de amar.E, de cuidar.Pela consciência de que é isso que mais nos dignifica e nos humaniza.

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