sábado, 28 de dezembro de 2013

" QUANDO sempre é Natal "

" Palavra de Médico "
   Dr J.J.Camargo
 
Passado o Natal, havia que inventariar as mensagens, reter algumas poucas na gaveta, fazer backup das enviadas por e-mails, armazenar todas no coração.
 
Entre estas, uma mensagem especial, como especial é o seu autor. Milton Meier é uma lenda da cirurgia cardíaca carioca e brasileira. O conheci há quatro anos, quando postulei uma vaga na Academia Nacional de Medicina, eu estreante na disputa, e ele concorrendo pela segunda vez. Ficamos amigos durante a campanha, e me apaixonei por ele quando, disfarçando a euforia pela vitória, fui abraçá-lo depois da eleição, e ele foi capaz de me dizer: "Perdi de novo, mas desta vez ganhei em te conhecer!".
 
Pois este tipo, de grandeza invulgar, mandou-me a seguinte história como mensagem de Natal, tudo com a cara dele. Vejam como é fácil gostar do Milton Meier:
 
"Tratei uma vez um menino pequeno e magricela, chamado André. Ativo e esperto, vivia gripado. As visitas ao médico eram sempre iguais, uma ausculta rápida, uma espiada na garganta e ia embora com uma receita. Um dia alguém mais cuidadoso pediu uma radiografia e se descobriu que o menino tinha um defeito cardíaco que lhe causava problemas respiratórios e lhe impedia de crescer. Era preciso corrigir o defeito, e a cirurgia transcorreu sem problemas.
Os pais receberam a boa notícia e a informação de que, depois de uns quatro dias, poderiam levá-lo para casa. Na manhã seguinte, quando os efeitos da anestesia já deveriam ter passado, o André não acordou. A despeito de todos os exames normais, ele continuava dormindo, respirava preguiçosamente e necessitava de aparelhos. Eram outros tempos aqueles e não existiam os mesmos recursos de hoje.
Após operações cardíacas, as lesões neurológicas não eram raras. Três ou quatro dias se passaram e estávamos todos muito preocupados. A mãe me contara que o aniversário dele era logo depois do Natal e eu havia prometido que naquela data ele já estaria em casa. Mas nesta noite o André continuava na UTI, necessitando de cuidados. Desolado, decidi ficar com ele. Estávamos sós, o dorminhoco, uma enfermeira e eu. Pouco depois da meia noite, me aproximei da cama e perguntei: 'Quantos anos será que ele vai fazer?'. André mexeu-se, abriu os olhos, levantou o braço e mostrou: quatro dedinhos. A angústia explodiu em alegria, os alarmes dos monitores se tornaram sinos badalando e as luzes opacas em estrelas brilhantes. Que maravilhoso presente, aqueles olhos abertos, me vendo, e o menino acordado! André teve alta, cresceu, se formou, casou, e hoje é pai de uma linda família. Mas mesmo que eu viva cem anos, aquele sempre será o meu melhor Natal!"
Obrigado amigo, por compartilhar esta história de puro afeto. Para os corações generosos, os sinos podem ser dispensados, mas o NATAL acontece todos os dias.

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