terça-feira, 28 de abril de 2015

" Granja de Pedras Altas "

Artigo Zero Hora[ LUIZ FERNANDO CIRNE LIMA ]

                      Cidadão do Rio Grande

Comenta-se, às rodas de chimarrão dos fogões gaúchos, que a Granja de Pedras Altas está à venda.
É a ordem natural das coisas. Construída para ser sede das fazendas de Joaquim Francisco de Assis Brasil, que se estendiam também por Alegrete, Quaraí e Uruguaiana, a sucessão das gerações levou os atuais descendentes, que seriam 16, ao imperativo da disponibilidade.
Entendo que é um dever de todos os rio-grandenses manter como monumento a iniciativa que tinha por finalidade fomentar o aumento da produtividade agropecuária.
Sinto-me comprometido com a memória de Paulo Brossard, que há pouco nos deixou, grande seguidor das ideias democráticas e do culto ao Estado de direito de Assis Brasil, e que sempre defendeu o dever cívico do Rio Grande do Sul de preservar a Granja de Pedras Altas.
Assis Brasil foi um homem de mundo. Como ministro plenipotenciário, representou o Brasil nas cortes europeias. Junto com o Barão de Rio Branco, fixou limites geográficos da nacionalidade brasileira, especialmente na dificílima questão da fronteira com a Bolívia.
Nascido em 1857, publicou ainda moço o livro Democracia Representativa: do voto e modo de votar, considerado um trabalho basilar sobre matéria tão atual.
A defesa da produtividade agrícola fez com que Assis Brasil, ainda lambendo as feridas após a sangrenta revolução de 1893, publicasse em Paris, em 1897, o livro A Cultura dos Campos, obra definitiva sobre a história do desenvolvimento da Província de São Pedro.
Um intelectual com os pés no chão, como são os nossos melhores homens.
A Granja de Pedras Altas, ao ser preservada, erige o melhor monumento de exortação à busca incessante de produtividade a que o Rio Grande tanto se dedica.
Os órgãos públicos do Estado estão conscientes desse dever, especialmente o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, dirigido por Mirian Sartori Rodrigues, que conhece muito bem a granja e o legado cultural de Assis Brasil.
Encerro evocando as lições que nos dá Luiz Augusto Fischer, citando os versos de Assis Brasil gravados em azulejos portugueses ao portão da casa de Pedras Altas, que dizem:
“Bem-vindo à mansão que encerra
Dura lida e doce calma,
O arado que educa a terra,
O livro que amanha a alma”.

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