" Como Ratos "

Editorial Zero Hora

22 de abril de 2015

A União Europeia fará nesta quinta-feira uma reunião extraordinária para discutir soluções para a verdadeira tragédia humanitária que atinge países da África e do Oriente Médio, de onde milhares de cidadãos tentam fugir para a Europa numa travessia suicida do Mediterrâneo. O fluxo de imigrantes clandestinos, que deixa um rastro de naufrágios e mortes, não é apenas um problema europeu: é uma questão da humanidade. E não pode ser combatido apenas com ações militares e políticas xenófobas, como cogitam alguns governos, pressionados pelo medo de suas próprias populações.

Os relatos sobre os últimos naufrágios, especialmente sobre o barco que afundou com 700 pessoas no último fim de semana, são verdadeiras bofetadas na consciência dos povos desenvolvidos. Um dos sobreviventes dessa tragédia disse o seguinte sobre seus companheiros de viagem: “Eles morreram como ratos num porão”. Acrescentou, ainda, que os traficantes de desesperados, que fogem de conflitos bélicos, ditaduras e perseguições em seus países, simplesmente trancaram os viajantes no porão do navio.

O tráfico precisa ser combatido implacavelmente. Mas o problema do êxodo de refugiados tem que ser enfrentado na sua origem, com ações internacionais que extingam os conflitos bélicos, combatam a miséria e proporcionem às populações atingidas oportunidades de vida digna sem precisar se lançar ao mar em precárias embarcações. Enquanto parcelas da humanidade continuarem a ser tratadas como ratos, não haverá paz e prosperidade para ninguém.