quinta-feira, 23 de abril de 2015

" Financiamento Da Política "

Editorial Zero Hora


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O governo é vítima da própria contradição ao contemplar os partidos com verbas oficiais que triplicam a cifra inicialmente prevista no orçamento deste ano. É o pior momento para mimar os partidos com tanta fartura, pelas circunstâncias que envolvem as estruturas da política nas investigações sobre corrupção e pela decisão de que este será o ano da austeridade. Serão R$ 867,5 milhões do Fundo Partidário, de recursos públicos gerados por contribuições tributárias dos cidadãos. É uma incongruência da presidente da República, que aceitou a elevação do valor ao se submeter às pressões do Congresso.

No momento em que o governo atravessa séria crise financeira, e no contexto de insegurança econômica, em que todos são convocados a participar dos sacrifícios pelo ajuste fiscal, triplicar a verba prevista soa como uma afronta. A senhora Dilma Rousseff deveria ter resistido à chantagem do Congresso, que mais uma vez impõe seus desejos. Os brasileiros não aceitam o financiamento público de campanhas eleitorais, como pretendem os parlamentares que estão vendo secar a fonte tradicional de recursos privados, como efeito da Operação Lava-Jato.

A ironia é que, com o desvendamento da corrupção na Petrobras, o país ficou sabendo que grande parte das verbas das campanhas já era pública, oriunda de recursos subtraídos da estatal. Com a  distribuição farta de dinheiro agora decidida, o governo acaba por levar adiante, sumariamente, a ideia rejeitada pela sociedade, oficializando um amplo financiamento público antes encoberto.

 O eleitor continua esperando que aconteça o contrário e que as campanhas milionárias, bancadas com dinheiro do povo, sejam finalmente adequadas à realidade e à moralidade.

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