EDITORIAIS - Zero Hora -
Os justos apelos surgidos depois da tragédia da boate Kiss, para que a legislação anti-incêndio fosse mais clara e rigorosa, levaram a um impasse. A Assembleia Legislativa aprovou uma lei de fato mais efetiva, em relação às normas vigentes, mas os avanços também provocaram retrocessos quando da sua execução.
Os justos apelos surgidos depois da tragédia da boate Kiss, para que a legislação anti-incêndio fosse mais clara e rigorosa, levaram a um impasse. A Assembleia Legislativa aprovou uma lei de fato mais efetiva, em relação às normas vigentes, mas os avanços também provocaram retrocessos quando da sua execução.
Há conflitos entre as leis municipais e a sancionada para todo
o Estado, agravados por interpretações desencontradas e, é claro, muita
burocracia.
Leis que deveriam contribuir para a prevenção e a reparação de danos
acabam se transformando num emaranhado de regras.
Um dos entraves mais visíveis
e com efeito imediato é o que atrasa a liberação de processos. Calcula-se que só
em Porto Alegre mais de 2 mil demandas estavam represadas até a última
segunda-feira, quando surgiu uma solução negociada.
A tragédia da boate
Kiss desencadeou iniciativas corretivas na legislação em todo o país. As
autoridades gaúchas, de prefeitos a vereadores, deputados e ocupantes de cargos
executivos estaduais, aliaram-se a especialistas e ao Corpo de Bombeiros para
que as falhas constatadas fossem corrigidas.
O setor público demonstrou
agilidade para oferecer respostas. As normas tiveram, como enfatizam os
envolvidos na sua elaboração, a preocupação com as medidas preventivas. Mas, a
partir da execução, surgiram os atritos, muitos dos quais decorrentes inclusive
da falta de regulamentação.
Há, em especial entre as empresas da
construção civil, natural apreensão com os prejuí-zos que as divergências vêm
causando. Ressalte-se, no entanto, que não só a indústria do setor imobiliário,
mas praticamente todas as atividades são de alguma forma tumultuadas pelas
desavenças.
Todos os que se dedicaram com afinco à formulação da nova lei devem
agora contar com a colaboração de quem está com a atribuição de fazer com que
seja cumprida. Desqualificar o que foi feito, em consequên-cia dos desacertos,
certamente é a pior saída.
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