sexta-feira, 25 de abril de 2014

" Desconstruindo as estruturas "

por Paulo Vellinho
em Zero Hora de 24 abril de 2014

                                                              
desconstruindo
Existem dois caminhos para conduzir-se uma sociedade, fazendo-a crescer ou afundando-a. Os países que eram pobres como o Japão ou a Coreia do Sul, por exemplo, optaram por crescer mesmo sabendo do esforço necessário, mesmo cientes de que para chegar lá tinham de munir-se de muita paciência e perseverança. E chegaram! A matéria-prima que alavancou o novo caminho estava centrada no homem e na plenitude de sua saúde física e mental, preparado pois para receber conhecimento de qualidade a partir principalmente no Ensino Fundamental, alicerce do conhecimento. A excelência continua a ser o foco estabelecido pelos governantes dos países vencedores, enquanto os sábios do nosso país optaram pelo caminho inverso, buscando incessantemente a mediocridade. E estão conseguindo. Na verdade é um processo sutil, paciencioso, com mais cara de modelo ideológico chinês do que aquele começado e continuado pelos cubanos; os chineses cansados de ser pobres, optando por deixar de ser um número para ser um cidadão. O resultado esta aí.
 
 
 
Por outro lado, nós optamos pelo modelo cubano, pobreza para todos, e por incrível que pareça, eles estão cooptando objetivamente a América Latina, transformando-nos em colônias do primeiro mundo. A mediocridade programada tem como referência o nível de conhecimento dos que nos governam e para chegar lá, observem os passos que estão sendo dados para não construir uma sociedade capaz de nos levar aos patamares do primeiro mundo. Em 1937, frequentei o Colégio Anchieta, dois turnos, com riquíssimo currículo escolar, onde adquirimos um sólido alicerce no conhecimento, sobre o qual foi construída uma educação primorosa, com um grupo de mestres de alta qualidade.
 
 
No Anchieta, recebemos o diploma de cidadãos, prontos para os desafios da vida. Naquela época, escolas públicas e privadas tinham o mesmo nível de qualidade; pergunte-se aos alunos da época do Júlio de Castilhos e do Instituto de Educação, porque esses estabelecimentos se constituíam em celeiros de lideranças competentes e vencedoras.
O que aconteceu de lá para cá? Destruiu-se a qualidade do ensino como objetivo principal da educação e ao optar pela mediocridade reduziram-se as exigências para formação: número de aulas/ano, redução do currículo, penalizou-se os mestres do Ensino Fundamental, desestimulando-os para o exercício de sua nobre tarefa; baniu-se até o título de Professor, substituindo-o por Trabalhadores na Educação.
As pesquisas mostram a decadência dos três estágios do conhecimento: o Ensino Fundamental, Médio e Superior, onde em qualquer um deles os alunos têm deficiências, não sabem ler, escrever, fazer contas e até copiar. É o efeito dominó. E aí pergunto: é assim que queremos chegar ao patamar dos países desenvolvidos que buscam ser o “benchmark” que qualifica? A opção pela mediocridade significa a institucionalização da esmola responsável por quebrar a dignidade do homem. E o Bolsa Família, por exemplo: ele é apenas uma amostra das benesses que escravizam o homem, tornando-o dependente do bom humor dos governantes, o que significa colocar um “cabresto” em sua vontade de votar.
Fonte: Paulo Vellinho / Zero Hora

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