Você também se sente
igual a Lula ou está por dentro do escândalo de Pasadena?
Salamanca é uma cidade universitária, na Espanha, toda de pedras douradas, pontuada por monumentos, palácios e praças. Na Universidade de Salamanca, fundada em 1218, Lula recebeu na semana passada o título de doutor honoris causa e disse, sobre a polêmica de Pasadena: “Estou por fora”. Você se sente igual a ele, ou está por dentro do escândalo? Imagino que acompanhe a novela nos mínimos detalhes, pela imprensa. Não? Cansou? Acha que não vai dar em nada?
São bilhões demais, personagens demais, corretoras, laboratórios, empreiteiras e multinacionais, provas de corrupção em vários níveis, bandidos de toda sorte e escalão, doleiros, executivos, políticos, ministros, fantasmas. É um roteiro difícil de destrinchar até para um país viciado em telenovelas. Um enredo quase inverossímil de tão sujo, envolvendo “nossa” Petrobras. A primeira marca institucional, em 1958, era um losango amarelo, de contorno verde, com a palavra “Petrobrás”, ainda com acento, em azul. Em 1994, perdeu o acento, passou a não seguir as regras gramaticais, tornou-se um logotipo.
Imagino que, se fizessem uma pesquisa simples, em todo o Brasil, com uma única pergunta – “o que é Pasadena? (pa-ssa-di- na)” –, o cidadão comum teria dificuldade de responder, ou mesmo de pronunciar corretamente o nome da refinaria americana. Depois que a lama veio à tona, quem primeiro disse que a compra de Pasadena foi um “mau negócio” foi a presidente da Petrobras, Graça Foster. Ela também afirmou que a Petrobras “não é uma quitanda”. Não é mesmo, isso a gente sabe.
Tenho uma intuição, posso estar errada: o cidadão comum não lê mais nenhuma reportagem sobre a Petrobras, a não ser que se anuncie aumento da gasolina. Olha os títulos do escândalo, com desânimo. Deveria ler mais, se quisesse votar com consciência. Mas não. O cidadão comum está “por fora”, igual a Lula. É na ignorância, no cansaço e na descrença que o governo aposta.
Pasadena, passa boi, passa boiada, e o cidadão comum não consegue se relacionar com reportagens que citam valores estratosféricos e esmiuçam detalhes técnicos como “a arqueação dos tanques de armazenamento da refinaria”, saques milionários sem registro, milhares de barris de petróleo que somem em trânsito ou dossiês confidenciais. Na pesquisa nacional, poderíamos também perguntar ao cidadão comum o que é “put option”. Corremos o risco de ele se sentir ofendido. “Put... o quê?”
Para que Lula e o cidadão comum não fiquem tão por fora, só resta mesmo criar uma CPI séria, concentrada na Petrobras, com poderes criminais, depoimentos no Congresso de todos os envolvidos... e que comece rápido, antes de o país parar tudo para ver os jogos da Copa. O tempo ruge. O governo federal sabe disso, o Congresso também. Dilma não quer uma CPI investigando apenas Pasadena.
Não é bom. Porque Pasadena está ligada umbilicalmente à alegada incompetência gestora de Dilma. O negócio piorou quando o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, do núcleo lulopetista da novela, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmou: “Dilma não pode fugir da responsabilidade dela”. Gabrielli não gostou de ser apontado como único responsável por um “parecer falho e incompleto”. Quem mais se rebelará contra o script?
É importante que o cidadão comum saiba que o mau negócio da compra de Pasadena já é investigado pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas da União, pela Controladoria-Geral da União e pela própria Petrobras.
O ideal é que se investigue também, a jato, a extraordinária rede de propinas construída pelo ex-diretor da Petrobras, o engenheiro Paulo Roberto Costa, um vilão de folhetim. A rede envolve dezenas de empresas, no Brasil e no exterior, e vários partidos políticos.
Dilma e o PT preferiam uma CPI ecumênica. Que investigasse simultaneamente a Petrobras e os podres de Aécio Neves e Eduardo Campos, em São Paulo e em Pernambuco. Uma CPI assim, agindo em três frentes ao mesmo tempo, não faz sentido, não conseguiríamos ligar lé com cré. O Brasil não está preparado para isso. Deveríamos abrir três CPIs. Afinal, temos tempo de sobra, é ano de eleição e só estamos totalmente atrasados para sediar a Copa do Mundo.
A ministra do STF Rosa Weber decidiu enfrentar a bancada de Dilma e mandar instalar de imediato no Senado a CPI da Petrobras, escândalo nacional. Em defesa da “autonomia do Senado”, Renan Calheiros prometeu recorrer contra a CPI, mas de Roma. Logo depois da Páscoa esticada, em Alagoas, Renan foi para a Itália por seis dias, em viagem paga por nós, para ver a canonização de José de Anchieta, como bom católico que é. O vice-presidente Michel Temer também foi. A fé desse povo de Brasília move montanhas.
Salamanca é uma cidade universitária, na Espanha, toda de pedras douradas, pontuada por monumentos, palácios e praças. Na Universidade de Salamanca, fundada em 1218, Lula recebeu na semana passada o título de doutor honoris causa e disse, sobre a polêmica de Pasadena: “Estou por fora”. Você se sente igual a ele, ou está por dentro do escândalo? Imagino que acompanhe a novela nos mínimos detalhes, pela imprensa. Não? Cansou? Acha que não vai dar em nada?
São bilhões demais, personagens demais, corretoras, laboratórios, empreiteiras e multinacionais, provas de corrupção em vários níveis, bandidos de toda sorte e escalão, doleiros, executivos, políticos, ministros, fantasmas. É um roteiro difícil de destrinchar até para um país viciado em telenovelas. Um enredo quase inverossímil de tão sujo, envolvendo “nossa” Petrobras. A primeira marca institucional, em 1958, era um losango amarelo, de contorno verde, com a palavra “Petrobrás”, ainda com acento, em azul. Em 1994, perdeu o acento, passou a não seguir as regras gramaticais, tornou-se um logotipo.
Imagino que, se fizessem uma pesquisa simples, em todo o Brasil, com uma única pergunta – “o que é Pasadena? (pa-ssa-di- na)” –, o cidadão comum teria dificuldade de responder, ou mesmo de pronunciar corretamente o nome da refinaria americana. Depois que a lama veio à tona, quem primeiro disse que a compra de Pasadena foi um “mau negócio” foi a presidente da Petrobras, Graça Foster. Ela também afirmou que a Petrobras “não é uma quitanda”. Não é mesmo, isso a gente sabe.
Tenho uma intuição, posso estar errada: o cidadão comum não lê mais nenhuma reportagem sobre a Petrobras, a não ser que se anuncie aumento da gasolina. Olha os títulos do escândalo, com desânimo. Deveria ler mais, se quisesse votar com consciência. Mas não. O cidadão comum está “por fora”, igual a Lula. É na ignorância, no cansaço e na descrença que o governo aposta.
Pasadena, passa boi, passa boiada, e o cidadão comum não consegue se relacionar com reportagens que citam valores estratosféricos e esmiuçam detalhes técnicos como “a arqueação dos tanques de armazenamento da refinaria”, saques milionários sem registro, milhares de barris de petróleo que somem em trânsito ou dossiês confidenciais. Na pesquisa nacional, poderíamos também perguntar ao cidadão comum o que é “put option”. Corremos o risco de ele se sentir ofendido. “Put... o quê?”
Para que Lula e o cidadão comum não fiquem tão por fora, só resta mesmo criar uma CPI séria, concentrada na Petrobras, com poderes criminais, depoimentos no Congresso de todos os envolvidos... e que comece rápido, antes de o país parar tudo para ver os jogos da Copa. O tempo ruge. O governo federal sabe disso, o Congresso também. Dilma não quer uma CPI investigando apenas Pasadena.
Não é bom. Porque Pasadena está ligada umbilicalmente à alegada incompetência gestora de Dilma. O negócio piorou quando o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, do núcleo lulopetista da novela, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmou: “Dilma não pode fugir da responsabilidade dela”. Gabrielli não gostou de ser apontado como único responsável por um “parecer falho e incompleto”. Quem mais se rebelará contra o script?
É importante que o cidadão comum saiba que o mau negócio da compra de Pasadena já é investigado pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas da União, pela Controladoria-Geral da União e pela própria Petrobras.
O ideal é que se investigue também, a jato, a extraordinária rede de propinas construída pelo ex-diretor da Petrobras, o engenheiro Paulo Roberto Costa, um vilão de folhetim. A rede envolve dezenas de empresas, no Brasil e no exterior, e vários partidos políticos.
Dilma e o PT preferiam uma CPI ecumênica. Que investigasse simultaneamente a Petrobras e os podres de Aécio Neves e Eduardo Campos, em São Paulo e em Pernambuco. Uma CPI assim, agindo em três frentes ao mesmo tempo, não faz sentido, não conseguiríamos ligar lé com cré. O Brasil não está preparado para isso. Deveríamos abrir três CPIs. Afinal, temos tempo de sobra, é ano de eleição e só estamos totalmente atrasados para sediar a Copa do Mundo.
A ministra do STF Rosa Weber decidiu enfrentar a bancada de Dilma e mandar instalar de imediato no Senado a CPI da Petrobras, escândalo nacional. Em defesa da “autonomia do Senado”, Renan Calheiros prometeu recorrer contra a CPI, mas de Roma. Logo depois da Páscoa esticada, em Alagoas, Renan foi para a Itália por seis dias, em viagem paga por nós, para ver a canonização de José de Anchieta, como bom católico que é. O vice-presidente Michel Temer também foi. A fé desse povo de Brasília move montanhas.
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