ARTIGOS - Marcelo Sgarbossa*
Em 2014, Porto Alegre vai sediar cinco jogos da Copa. Para dar conta do recado, a prefeitura transformou a cidade num canteiro de obras, ampliando os congestionamentos e atrapalhando a vida de toda a população. Muita propaganda foi feita garantindo que tudo estaria pronto até o início do Mundial. Na verdade, o discurso oficial caiu por terra, assim como as árvores derrubadas na orla do Guaíba.
Da falta de dinheiro, não dá para reclamar. Nunca tantos recursos federais foram liberados para projetos de mobilidade urbana. No entanto, as escolhas da atual administração partem de um pressuposto equivocado quanto ao modelo de cidade de que precisamos para Porto Alegre.
As grandes obras com o carimbo da Copa levantaram suspeitas de sobrepreço no Tribunal de Contas. Denúncias de superfaturamento surgiram em 2011, na campanha de divulgação do Mundial nos ônibus da Carris. Sem licitação, os adesivos nos coletivos custaram quase o triplo do valor de mercado.
O secretário Urbano Schmitt afirma sempre que o prefeito José Fortunati (PDT) teve “ousadia” para investir em “14 grandes obras sonhadas há meio século”. Então, o moderno agora é investir em projetos da década de 1960, alinhados ao modelo rodoviarista de cidade? Que progresso é esse que privilegia o automóvel individual?
Em Seul (Coreia do Sul), Boston, Nova York (EUA) e outros tantos locais, autopistas e viadutos foram demolidos para dar lugar a cidades mais humanas, privilegiando as pessoas, o transporte coletivo e não motorizado. No Rio de Janeiro e em São Paulo já se discute isso também. Por que Porto Alegre resolveu andar na contramão do conceito moderno de planejamento urbano? Qual seria o impacto na mobilidade se fossem tirados do papel os quase 400 quilômetros de ciclovias previstos no Plano Cicloviário?
Existem outras ações inteligentes e baratas mais eficazes para enfrentar os gargalos do trânsito. Por exemplo, flexibilizar as jornadas de trabalho, diluindo os deslocamentos ao longo do dia, e criar faixas exclusivas para ônibus em horários de pico, como vem fazendo a capital paulista.
Só que, entre as “grandes obras” da prefeitura de Porto Alegre, apenas uma privilegia o transporte coletivo: os chamados BRTs. Mas aqui o projeto não prevê vias de ultrapassagem nos corredores. Desta forma, os “ônibus rápidos” ficarão trancados atrás de outros coletivos. Na Porto Alegre da contramão, a população terá que engolir mais um engodo padrão Fifa.
*VEREADOR EM PORTO ALEGRE (PT)
Em 2014, Porto Alegre vai sediar cinco jogos da Copa. Para dar conta do recado, a prefeitura transformou a cidade num canteiro de obras, ampliando os congestionamentos e atrapalhando a vida de toda a população. Muita propaganda foi feita garantindo que tudo estaria pronto até o início do Mundial. Na verdade, o discurso oficial caiu por terra, assim como as árvores derrubadas na orla do Guaíba.
Da falta de dinheiro, não dá para reclamar. Nunca tantos recursos federais foram liberados para projetos de mobilidade urbana. No entanto, as escolhas da atual administração partem de um pressuposto equivocado quanto ao modelo de cidade de que precisamos para Porto Alegre.
As grandes obras com o carimbo da Copa levantaram suspeitas de sobrepreço no Tribunal de Contas. Denúncias de superfaturamento surgiram em 2011, na campanha de divulgação do Mundial nos ônibus da Carris. Sem licitação, os adesivos nos coletivos custaram quase o triplo do valor de mercado.
O secretário Urbano Schmitt afirma sempre que o prefeito José Fortunati (PDT) teve “ousadia” para investir em “14 grandes obras sonhadas há meio século”. Então, o moderno agora é investir em projetos da década de 1960, alinhados ao modelo rodoviarista de cidade? Que progresso é esse que privilegia o automóvel individual?
Em Seul (Coreia do Sul), Boston, Nova York (EUA) e outros tantos locais, autopistas e viadutos foram demolidos para dar lugar a cidades mais humanas, privilegiando as pessoas, o transporte coletivo e não motorizado. No Rio de Janeiro e em São Paulo já se discute isso também. Por que Porto Alegre resolveu andar na contramão do conceito moderno de planejamento urbano? Qual seria o impacto na mobilidade se fossem tirados do papel os quase 400 quilômetros de ciclovias previstos no Plano Cicloviário?
Existem outras ações inteligentes e baratas mais eficazes para enfrentar os gargalos do trânsito. Por exemplo, flexibilizar as jornadas de trabalho, diluindo os deslocamentos ao longo do dia, e criar faixas exclusivas para ônibus em horários de pico, como vem fazendo a capital paulista.
Só que, entre as “grandes obras” da prefeitura de Porto Alegre, apenas uma privilegia o transporte coletivo: os chamados BRTs. Mas aqui o projeto não prevê vias de ultrapassagem nos corredores. Desta forma, os “ônibus rápidos” ficarão trancados atrás de outros coletivos. Na Porto Alegre da contramão, a população terá que engolir mais um engodo padrão Fifa.
*VEREADOR EM PORTO ALEGRE (PT)
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