Estamos próximos de dar um salto decisivo para incluir a pecuária gaúcha na modernidade. Depois de dois anos de debates na Câmara Setorial da Carne, encaminhamos à Assembleia Legislativa projeto de Lei que estabelece a obrigatoriedade da identificação individual de todo o rebanho bovino gaúcho. Para aprofundar, ainda mais, o debate, já que há contrariedades que poderiam impedir a aprovação e a execução do sistema, retiramos o projeto e estamos rediscutindo a proposta com entidades do setor.
A identificação cria mecanismo para o melhor gerenciamento da propriedade, constituindo-se em importante ferramenta para o controle sanitário. Atende, ainda, uma das principais exigências do mercado internacional e do próprio consumidor que, cada vez mais, quer saber a origem do produto que consome. É mais um passo da modernização da Defesa Agropecuária, em que estamos investindo, com o Governo Federal, R$ 60 milhões, na reestruturação física e técnica do serviço.
O Estado fornecerá os brincos gratuitamente aos pecuaristas, custo que será coberto pela redução do abate clandestino, hoje estimado em 20%. Sem a obrigatoriedade, como é hoje, onde menos de 160 propriedades gaúchas rastream seus animais, o programa não se concretiza. Seguimos o exemplo do Uruguai e de Santa Catarina que tem práticas exitosas neste campo.
Frigoríficos gaúchos estão vendendo volumes consideráveis de carne ao Uruguai. Eles buscam aqui um produto similar ao seu e com a mesma qualidade genética. O que nos diferencia é que, enquanto eles modernizaram a atividade, que inclui a rastreabilidade universal e obrigatória, nós encontramos algumas barreiras que, quero crer, tem origem cultural. O nosso vizinho atende aos mercados mais exigentes do mundo e que, por isso, pagam mais. Nós abastecemos o mercado interno, vendemos alguma coisa para o Exterior e suprimos as necessidades de consumo do povo uruguaio. Lá o quilo vivo sai por cerca de R$ 4,30. Aqui, em torno de R$ 3,30.
Apostamos na inovação e queremos protagonismo na disputa de espaço no rentável mercado externo. Não apostamos no conservadorismo tecnológico que condena a pecuária do Estado, uma das melhores do mundo, a seguir perdendo espaço para a soja. Criar diferenciais é ampliar a rentabilidade da pecuária para concorrer com a da soja, preservando a atividade e o Bioma Pampa. Aqueles que acreditam que esta prática dará mais trabalho já optaram, ou vão optar, pela comodidade de arrendar terras para o plantio do grão e viver na absoluta tranquilidade, sobrevivendo de rendas.
Secretário estadual da Agricultura
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