MARTHA MEDEIROS
Vivendo numa bolha chamada sociedade de consumo, cada um de nós passou a
ser encarado como um produto e, como tal, precisa se vender.
Para se colocar bem
no mercado do amor e no mercado de trabalho, tornou-se obrigatório apresentar um
perfil, e então tratamos de falar muito sobre nós, sobre nossos atributos e tudo
o que possa fazer a gente avançar em relação à concorrência, que não é pequena.
Somos os publicitários de nós mesmos, uns mais discretos, outros mais exibidos,
mas todos procurando encantar o próximo, que propaganda nada mais é do que isso:
a arte de seduzir.
Contraditoriamente, quando se torna necessário falarmos não de nossos atributos, mas de nossas dores, de nossas inseguranças e de nossos defeitos, fechamos a boca. Mesmo os que estão bem perto, aqueles que nos são íntimos, não escutam a nossa voz. Calamos por temer um julgamento sumário. Produtos precisam ser eficientes, não podem ter falhas.
A boa notícia é que tudo isso é um absurdo. Não somos um produto. Não precisamos de slogan, embalagem, jingle. Estamos aqui para conviver, e não para sermos consumidos. E, se quisermos que realmente nos conheçam, o ideal seria parar de nos anunciarmos como o último copo d’água do deserto.
O documentário Eu Maior, um dos trabalhos mais tocantes a que assisti nos últimos tempos, traz o depoimento de filósofos, artistas, cientistas e ambientalistas sobre quem verdadeiramente somos e como devemos nos relacionar com o universo. Entre várias colocações ponderadas, teve uma de Marina Silva que tomei como uma lição de comportamento:
Contraditoriamente, quando se torna necessário falarmos não de nossos atributos, mas de nossas dores, de nossas inseguranças e de nossos defeitos, fechamos a boca. Mesmo os que estão bem perto, aqueles que nos são íntimos, não escutam a nossa voz. Calamos por temer um julgamento sumário. Produtos precisam ser eficientes, não podem ter falhas.
A boa notícia é que tudo isso é um absurdo. Não somos um produto. Não precisamos de slogan, embalagem, jingle. Estamos aqui para conviver, e não para sermos consumidos. E, se quisermos que realmente nos conheçam, o ideal seria parar de nos anunciarmos como o último copo d’água do deserto.
O documentário Eu Maior, um dos trabalhos mais tocantes a que assisti nos últimos tempos, traz o depoimento de filósofos, artistas, cientistas e ambientalistas sobre quem verdadeiramente somos e como devemos nos relacionar com o universo. Entre várias colocações ponderadas, teve uma de Marina Silva que tomei como uma lição de comportamento:
“Você descobre a qualidade de uma pessoa não quando ela fala de
si, mas quando ela fala dos outros”. Ou seja, o que revela sua
verdadeira natureza são os comentários venenosos que costuma distribuir ou os
elogios que faz sobre amigos e desconhecidos.
São as fofocas que oculta para não
menosprezar seus semelhantes ou que espalha por aí, acrescentando uma
maldadezinha extra.
Você é avaliado de forma mais precisa através da sua
capacidade de enaltecer o positivo que há ao seu redor ou de propagar o
negativismo que sobressai em tudo o que vê. Você demonstra que é uma pessoa
maior – ou menor – de acordo com sua necessidade de diminuir ou de valorizar
aqueles que o rodeiam, de acordo com um olhar que deveria ser justo, mas que
quase sempre é competitivo. É através das suas palavras amorosas ou das suas
declarações injuriantes que os outros saberão exatamente quem é você – pouco
importando o que você diga sobre si mesmo. Sobre você mesmo, deixe que
falemos nós.
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