quarta-feira, 30 de julho de 2014

" Por favor, me ajude "

Artigo Zero Hora 


EMILIO BRKANITCH FILHO
Psicólogo e psicoterapeuta
Recebi, em meu consultório, uma menina de 14 anos. Após um breve silêncio, com o rosto cabisbaixo, caiu uma lágrima e ela falou: Por favor, me ajude, estou grávida!

A gravidez não programada, a maternidade ou paternidade na adolescência, interrompe a trajetória do desenvolvimento e é percebida como problema, evento precoce. Pode alterar significativamente a vida dos jovens e seus familiares, que em geral não estão preparados psicológica, econômica e socialmente. Afetando, principalmente, as áreas da educação, da saúde, das relações familiares e vínculos sociais.

É preciso aprimorar a educação sexual dentro de uma perspectiva socioeconômica, não apenas nas escolas, mas também por meio da integração com as unidades de saúde pública, e promover espaços mais acolhedores para os adolescentes discutirem sobre sexualidade.

Apesar do acesso às informações, ainda muitos adolescentes não fazem sexo seguro. A permanente busca de novas alternativas através de pesquisas na área da educação preventiva deve ser constante na sociedade. Com a proposição de novos recursos, é possível que as informações disponibilizadas nas escolas, unidades de saúde e mídias em geral passem a ser mais bem assimiladas, no processo de apropriação pelos jovens. De modo que isso se reflita nas suas atitudes e comportamentos, ou seja, na construção de um conhecimento proativo.

Falar sobre sexualidade na escola, apesar dos avanços experimentados nos últimos anos, não é ainda tão comum e simples, existem muitas e diferentes resistências. A abordagem da gravidez na adolescência pressupõe ações integradas, nunca isoladas, exigindo, portanto, articulação conjunta dos diferentes canais sociais, não cabendo apenas à educação a solução de todos os problemas sociais enraizados de longa data na sociedade brasileira.

Implica repensar preconceitos, quebrar velhos paradigmas e, sobretudo, superar hipocrisias presentes há muito tempo. O silêncio, o preconceito ou a indiferença social são as maiores dificuldades no diálogo entre pais, responsáveis, professores e os jovens.


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