quinta-feira, 17 de julho de 2014

" Da Tecnologia à Tecnocracia "

Artigo Zero Hora

FRANKLIN CUNHA
Médico
A passagem da tecnologia à tecnocracia, do saber ao poder, saber de um limitado conhecimento _ por exemplo a economia _ é um risco ao qual a sociedade não merece ser submetida. Um dos problemas políticos de nosso tempo não é o de impedir o poder dos técnicos _ tarefa impossível _ mas procurar meios para controlá-los e evitar que se tornem independentes da sociedade. O conhecimento científico pode se desenvolver na ausência de qualquer princípio moral e ético e o totalitarismo tecnológico pode se unir às correntes políticas mais irracionais e autoritárias. É consenso histórico.

 

Caso os técnicos assumirem o poder, sua obsessão por uma eficiência desumanizada, onde os homens seriam classificados por suposta meritocracia a objetivar apenas o crescimento econômico, não estaremos livres de um modelo de totalitarismo tecnológico como um pesadelo de ficção científica. Já vimos que a tecnocracia pode estar também unida a correntes políticas irracionais, desumanas e autoritárias. Se pensarmos que nos referimos somente à tecnologia nuclear e à genética, causadoras de consequências tão benéficas ou alternativamente tão catastróficas, devemos esperar também que uma decisão de política econômica de abrangência mundial pode ter o efeito letal para milhões de seres humanos.


 
Hoje sabemos que as privatizações patrocinadas pelo FMI, Banco Mundial, OMC, FED, BCE, levadas a cabo em condições ilegais, originaram oligarquias mafiosas, a crise mundial de 2008 e as catástrofes das economias de inúmeros países, acionadas por uma escola de economistas dominados por interesses privados e por políticos que não honraram seu mandato. A colaboração entre os economistas neoliberais de vários países foi completa, inclusive nos comportamentos mais condenáveis. E porque suas teorias estão em crise e seu método “científico” foi refutado, não encontram alternativas senão recorrer a artifícios grosseiros e irreais.
 
Mas o discurso de certos meios de comunicação expresso por um jargão obscuro atribui somente aos políticos a origem dos males econômicos, retórica falsa que coloca em descrédito o poder legislativo e em risco a democracia parlamentar.

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