quarta-feira, 22 de outubro de 2014

" A LEI E A VIDA "

Artigo ZH


O assassinato do soldado Márcio Ricardo Ribeiro, da Brigada Militar, na última sexta-feira, em Porto Alegre, impõe não apenas a imediata revisão da legislação municipal que exige o uso da farda para a gratuidade no transporte coletivo como também uma ação mais eficiente das forças policiais no combate ao crime que o vitimou. Simplesmente por estar vestindo o uniforme de seu batalhão, o PM foi executado pelos delinquentes que invadiram o ônibus para roubar pertences dos passageiros. Sequer teve tempo para reagir.
Tirar a farda, no caso, não significa rendição. Embora seja um reconhecimento de que a criminalidade se expandiu acima da capacidade e da competência do poder público para contê-la, é uma medida preventiva sensata. Claro que é péssimo para a sociedade constatar que integrantes da principal força ostensiva também estão encurralados pelos marginais. Mas é a realidade. Neste contexto, não se pode exigir que os brigadianos sejam mandados para o sacrifício em circunstâncias completamente desfavoráveis para a própria segurança. Por que os legisladores e as autoridades não substituem a exigência do uniforme por um cartão de passe livre ou algum tipo de vale-transporte?
O equacionamento desta demanda é urgente, pois vidas estão em risco, mas também é imprescindível que se desencadeie uma operação eficaz de vigilância no transporte público, para que os usuários tenham mais segurança e para que os delinquentes sejam tirados de circulação. Esse quadro perverso _ cidadãos amedrontados e criminosos impunes _ precisa ser invertido.
Nada devolverá a vida do soldado morto nem atenuará a dor de seus familiares, amigos e colegas de farda. Mas os governantes, os legisladores e os empresários da área de transporte de passageiros estarão prestando uma homenagem à sua memória se agirem rápido, no sentido de evitar que outras vidas sejam colocadas em risco.
Porém, a sensação de insegurança da população só será atenuada quando o policiamento ostensivo inibir a ação dos delinquentes e quando os criminosos forem efetivamente punidos.

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