sábado, 18 de outubro de 2014

" Por que tantos raios atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias ? "


RS é o Estado brasileiro que tem maior densidade de raios proporcionalmente à sua área

por Taís Seibt
Por que tantos raios atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias? Fernando Gomes/Agencia RBS
Em Porto Alegre, foram 166 raios nos últimos três diasFoto: Fernando Gomes / Agencia RBS
A incidência de raios como o que causou a morte de uma menina de 12 anos na quinta-feira, em Canguçu, no sul do Estado, é normal durante a primavera. Segundo a meteorologista Olívia Nunes, da Somar Meteorologia, esta época do ano é a mais propícia a tempestades com descargas elétricas no Rio Grande do Sul.
As tempestades de raios se formam nas nuvens do tipo cumulus nimbus, que podem alcançar até 12 quilômetros de altitude. Essas nuvens são carregadas de pedras de gelo que estão em constante movimento devido a correntes de ar internas. Eventualmente esse gelo pode cair em forma de granizo. O atrito das pedras de gelo gera eletricidade dentro da nuvem.


Na superfície, também há uma eletricidade natural neutra. Quando a diferença entre a eletricidade da nuvem e a da superfície torna-se muito grande, ocorre a descarga elétrica que toca o solo. É uma forma de a atmosfera equilibrar a eletricidade.

O combustível para formar nuvens de tempestade, nas quais se formam os raios, são calor e umidade. O Rio Grande do Sul está sob a ação de instabilidades geradas pelo ingresso do ar quente e úmido que desce da Amazônia próximo à superfície. As correntes de jato, que são ventos em altos níveis da atmosfera, sopram no sentido contrário, empurrando as instabilidades de volta. Porém, uma massa de ar seco que está sobre o sudeste do país impede que as instabilidades avancem, por isso, as tempestades atingiram o Rio Grande do Sul com grande intensidade nos últimos dias.
Da meia-noite de terça-feira até o meio-dia desta sexta-feira, 28.850 raios foram detectados pelos aparelhos do instituto no Rio Grande do Sul. As medições são do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Inpe considera alta uma incidência acima de 100 raios por dia em um único município, como foi o caso das cidades com maior incidência de raios nos últimos três dias: São Gabriel (1.166), Cachoeira do Sul (932), Caçapava do Sul (878), Santana do Livramento (701) e São Sepé (699). Em Porto Alegre, foram 166 raios no período. 


Como se proteger dos raios?
Dentro de casa, não use telefone com fio, não fique perto de tomadas, canos, janelas e portas metálicas e não toque equipamentos ligados à rede elétrica. Se estiver na rua, procure abrigo em veículos metálicos ou prédios. Evite tendas, barracos, celeiros, veículos sem cobertura e árvores. Topos de morros e de prédios, áreas descampadas, estacionamentos, cerca de arame, torres e árvores isoladas também oferecem risco. Ao ar livre, evite segurar objetos metálicos longos (varas de pesca, tripés, tacos de golfe etc.), empinar pipas e aeromodelos com fio, andar a cavalo, nadar, ficar em grupos.

Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? 
Não é verdade e uma prova disso é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que recebe ao menos seis descargas atmosféricas por ano. A origem desse mito está nos índios, que usam pedras atingidas por raios como amuletos, acreditando que estão protegidos contra os relâmpagos.

Qual é a diferença entre trovão, raio e relâmpago? 
Relâmpago é toda descarga elétrica emitida por uma nuvem, raio é a descarga elétrica que toca o solo. Trovão é o som produzido pela descarga elétrica.

Dá para saber a que distância caiu um raio? 
É possível estimar a distância em quilômetros com um cálculo simples: basta contar o tempo (em segundos) entre o momento que se vê o raio e se escuta o trovão e dividir por três.

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