quarta-feira, 15 de outubro de 2014

" O Professor Aprendiz "

Artigo Zero Hora


DÉBORA IZÉ BALSEMÃO OSS
Professora da Educação Básica e PhD em Linguística Aplicada
 
Professores bem-sucedidos são aqueles que conseguem reverter o investimento feito nos seus estudos em compartilhamento de saberes, em qualificação e em salário. Há também outras concepções inquestionáveis que chancelam o sucesso profissional daqueles que, por questões muito pessoais, optaram pela docência. Ao menos essa parece ser a ideia corrente entre professores de instituições de ensino superior no Brasil, embora não seja esse o caso entre muitos professores que se dedicam à educação básica _ ensino fundamental e médio.
Na educação básica, como no ensino superior, o professor também precisa converter o seu investimento intelectual na construção do conhecimento de seus jovens alunos, em aperfeiçoamento e em remuneração financeira. Idealmente, esse professor seria também um pesquisador da sua prática, mas isso é outra história. Mesmo assim, a condição de o professor da educação básica permanecer intelectualmente ativo é constantemente ameaçada pela própria formação que recebe _ paradoxalmente restritiva do exercício intelectual.
Ora, o exercício intelectual do professor está diretamente relacionado à sua condição de compartilhar o que aprende. O conhecimento do professor, diferentemente de outras profissões, é base fundante para a construção de concepções necessárias às outras áreas. O ato de ensinar depende, portanto, das condições que esse profissional dispõe para manter a sua capacidade de aprender e, só assim, exercer plenamente o seu ofício … e o exercício pleno da docência,
 é importante lembrar, está diretamente relacionado ao poder transformador que o professor da educação básica exerce sobre a capacidade de nossos jovens cidadãos aprenderem a aprender.
Ninguém ensina aquilo que não sabe _ sendo assim, em tempos de propostas educacionais, exaltemos o papel do professor, formador de opiniões e instigador de discussões que interferem não só na sua própria vida, mas na formação da sociedade. Apostemos na intelectualidade do professor da educação básica para que, assim, o prazer de aprender seja modelo a ser seguido do ensino fundamental ao ensino superior.

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