Mirian Goldenberg*
Reclamar do que falta na vida e se comparar com
os outros são grandes inimigos da felicidade
Perguntei para homens e mulheres:
"De que você precisa para
ser (mais) feliz?"
Um músico de 39 anos respondeu: "Eu preciso ganhar mais dinheiro. Ganho menos do que os meus amigos e ainda moro com os meus pais. Nem carro eu tenho".
Uma vendedora de 24 anos disse: "Minha melhor amiga se casou com um milionário, parou de trabalhar e vive viajando pelo mundo. Morro de inveja! Queria ter um marido rico que me desse um cartão sem limite. Também queria ser como ela: magra, pele perfeita, cabelos lindos. Às vezes, digo para mim mesma: Por favor, pare de se comparar! Vá viver sua vida e ser feliz!'".
Perguntei em que momento do dia eles se sentem mais infelizes. Eles disseram que é quando acordam cedo ou estão presos no trânsito.
Um advogado de 41 anos disse: "Fico deprimido quando acordo cedo e tenho que ir trabalhar com pessoas mesquinhas e competitivas".
Uma professora de 45 anos contou: "Gasto mais de duas horas do dia no ônibus. Os alunos estão cada vez mais desrespeitosos e violentos. Tenho medo deles. Só consigo trabalhar porque tomo calmante para diminuir a ansiedade e dormir".
Também perguntei em que momento do dia eles se sentem mais felizes. 
Reclamar do que falta na vida e se comparar com
os outros são grandes inimigos da felicidade
Perguntei para homens e mulheres:
"De que você precisa para
ser (mais) feliz?"
É curioso perceber que ao responderem sobre o que precisam para serem felizes eles se comparam com pessoas próximas e valorizam itens como dinheiro, consumo e beleza. Mas quando falam de suas experiências cotidianas, revelam que a felicidade está em coisas simples, que não custam nada, como abraços, risadas, amizades, reconhecimento.
Uma dentista de 36 anos disse: "Quando chego em casa e vejo meu marido e filhos brincando, escuto suas risadas, eles me abraçam e dizem que sou a melhor mãe do mundo. Agradeço a Deus todos os dias por esta felicidade".
Um engenheiro de 57 anos respondeu: "Quando vou à praia jogar futebol com os amigos e beber minha cervejinha. E quando transo gostoso com a minha namorada".
Eles e elas mostram que se sentem mais felizes quando valorizam e apreciam as coisas mais simples e gostosas que acontecem no cotidiano. Mostram também que reclamar do que falta em suas vidas e se comparar com os outros são os maiores inimigos da felicidade.
Então, em que momento do seu dia você se sente mais feliz?
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* MIRIAN GOLDENBERG é antropóloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de "A Bela Velhice" (Ed. Record); www.miriangoldenberg.com.br
Fonte: Folha online, 21/10/2014
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