quarta-feira, 22 de outubro de 2014

" Defesa do Eleitorado "

Artigo ZH


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FROILAM JOSÉ DE OLIVEIRA
Escritor, revisor, professor
 " ... cedo ou tarde,o eleitor será responsabilizado pelo político que venha a fazer um mau governo ...
 
O imperativo de que se deve pensar muito bem antes de escolher um entre dois candidatos, como se apresentam para o segundo turno, não mantém uma relação de causa e consequência com o discurso que insiste ser o eleitor culpado pelos governos. Nos parágrafos abaixo, essa tese de sociólogos de botequim é desconstruída de uma forma bastante simples.

No próximo domingo, 26, haverá o segundo turno das eleições de 2014, do qual sairá o presidente da República. Não há momento mais oportuno quanto este para a seguinte pergunta: entre os concorrentes, qual é a melhor escolha. A resposta deveria ser dada, em princípio, por aqueles que juntam vozes ao discurso falacioso.

Por um lado, o exercício de votar, não obstante a obrigatoriedade que é imposta a todos os cidadãos por lei, constitui o fundamento básico da democracia. O “respaldo do voto” é considerado pelos governantes como um valor transcendente, versão laicizada do direito divino dos reis (vigente até a Revolução Francesa). Por outro lado, ainda que tenha pensado muito antes de votar, cedo ou tarde, o eleitor será responsabilizado (com a maioria de seus concidadãos) pelo político que venha a fazer um mau governo. Ele levará a culpa, a pecha de ignorante
.
A impossibilidade de se apontar um candidato certo _ antes do pleito _ torna sem sentido o discurso de que a escolha foi um erro _ depois do pleito. A história das duas últimas décadas serve de prova dos nove. Os partidos que ora se defrontam, desde 1995, governaram por dois ou três mandatos.

Em quem votar? O eleitor (indeciso) deve se perguntar diante de tão poucas opções. À semelhança do enxadrista em zugzwang (perda pela obrigação de jogar), ele sabe que seu voto não resolverá os problemas do país. Esse exercício de cidadania (como se expressam os democratas pós-modernos) constitui uma chancela quase insignificante. O êxito ou o fracasso na execução do ato de governar não mais depende dele, como o acusam falaciosamente os sociólogos de botequim.

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