VÍTOR STEPANSKY
Ex-comandante da antiga Varig
Aos 45 minutos do segundo tempo do jogo Croácia e Camarões em Manaus, a bola é lançada para a arquibancada.
Imediatamente, um torcedor com a camisa do Brasil a esconde, debaixo da cadeira, enrolada numa manta.
A cena é filmada para o mundo inteiro. O narrador entusiasmado exclama: “Essa o torcedor vai levar para casa”. Como levar para casa? Isto não é roubo?
Talvez o sonho desse cidadão seja ser deputado, político. Não para ajudar o Brasil a melhorar, mas para meter a mão onde tiver a chance.
A justificativa para pequenos delitos é sempre a mesma: “Ah, é só uma bola”. Estou parado em fila dupla mas… “é só um minutinho”. Não tenho 60 anos, “mas entro na fila dos idosos”.
Comprei ingresso num lugar e mudo para outro duas vezes mais caro “porque está vazio”.
Chamam pequenos delitos de “malandragem”, “lei de Gerson” etc., mas são coisas que espelham a índole do povo brasileiro.
Esta é nossa realidade, de país sem educação em que o “povo” vai levando aqui e acolá sua vidinha de malandragem.
Em compensação o poder de Brasília junto com a “elite branca”, como gostam de dizer, saqueando os cofres públicos nas nossas barbas.
E a “classe média”, odiada pela socióloga Marilena Chauí, sustentando tudo isto.
Mais ainda: a Fifa, por incrível que pareça, é considerada entidade beneficente sem fins lucrativos, tal qual as igrejas. Segundo dados oficiosos, com o lucro da Copa no Brasil, a Fifa terá US$ 1 bilhão em caixa. Vida que segue.
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