" A invasão Argentina "

Editorial Zero Hora 


O Rio Grande do Sul passa neste início de semana pelo seu teste mais desafiador no que se refere à convivência com visitantes estrangeiros.

Nunca houve uma invasão turística da dimensão da que ora se verifica, em decorrência da presença de torcedores argentinos para o jogo desta quarta-feira, entre a seleção do vizinho país e a Nigéria.

 

 O fato, sensatamente, já está recebendo atenção redobrada dos governantes, das autoridades em geral e de todos os cidadãos, com o foco que deve mesmo ser prioritário: assegurar tratamento adequado aos visitantes e garantir segurança para todos.

Em primeiro lugar, cabe considerar, sem preconceitos gerados pela proximidade e pela rivalidade futebolística, que os argentinos são muito bem-vindos ao Brasil e a Porto Alegre.

 

 Merecem, no mínimo, a mesma receptividade cortês que os gaúchos vêm dispensando aos demais estrangeiros que passaram pelo Estado no rastro da Copa.

A existência de uma facção de torcedores mais violentos, conhecida como barrabravas, causa compreensível preocupação _ tanto que o policiamento de fronteira está sendo rigoroso na triagem dos visitantes que se deslocam por via terrestre. Ninguém desconhece, também, que muitos argentinos resolveram vir para o Brasil sem dispor de ingresso para os jogos. Mas um país que recebe um campeonato mundial de futebol tem que estar preparado também para isso, reservando espaço adequado e seguro aos torcedores que acompanham os jogos fora dos estádios.

Se as barreiras de contenção armadas pela Fifa, com o apoio da Brigada Militar, têm se mostrado eficientes para prevenir manifestações e aglomerações indesejáveis nas proximidades dos estádios, cuidados semelhantes devem ser estendidos a outros locais de grande frequência de torcedores _ no caso de Porto Alegre, a Fan Fest no Anfiteatro Pôr do Sol e os bares da Cidade Baixa. No sentido de reduzir a tensão, especialmente no trânsito, também é oportuno o ponto facultativo decretado pela prefeitura da Capital para amanhã.

Diante de tais providências, resta esperar que os visitantes também colaborem para que a presença inédita de tantos argentinos no Estado seja uma celebração de vizinhos que se respeitam e que comungam de ideais democráticos e pacíficos _ sem renunciar à própria história, que inclui uma rivalidade saudável no futebol.