Luís Rocha e Melo,
SJ*
Quaresma
Quem ora entende, sem grandes
explicações, que a oração pertence à vida, nem pode nunca desligar-se dela. Pelo
contrário, quem ora dá rumo à vida; a vida é oração e a oração brota da vida, já
que o essencial, na relação com Deus, é uma vida entregue. O «aqui estou» dos
profetas, ou o «eis-me aqui» de Maria, são a expressão verbal e orante de uma
entrega sem condições. Quando o Senhor chama alguém à relação com Ele, no amor e
na fidelidade, não chama a entregas parciais ou temporais. Chama à totalidade,
como é próprio de amor total. Atitudes medianas ou ambíguas não são dignas do
nosso Deus, nem da vocação a que somos chamados: predestinados para ser imagem
idêntica à de seu Filho, somos chamados a coisas grandes, nada menos que a
participar plenamente da santidade de Deus. Não é monopólio dos conventos; é a
vida dos batizados, em cujo coração depositou o Senhor a vida trinitária, como
semente destinada a crescer. «Sereis santos porque eu sou o Senhor» (Lev
11,44).
Ponto claro no caminho espiritual,
do passado e do presente, é que para a santidade - a plenitude do amor de Deus
em nós - se caminha na humildade, que tentámos descrever como sendo a outra face
do amor, o esquecimento de si. O Espírito sopra onde quer e os caminhos são
variados; mudam culturas e linguagens, exprimem-se de muitas maneiras os homens
e as mulheres de todos os tempos, mas vão bater no mesmo ponto; para viver o
tudo há que passar pelo nada. O nada da adoração de si
próprio, que torna possível a adoração em espírito e em verdade dos adoradores
que o Pai deseja. «Nada, nada, nada», insistem os homens de Deus, sem sombras de
niilismo ou pessimismo, porque o outro lado do nada é o Tudo.
Com base na cultura do seu tempo,
mestres do passado cultivaram o desprezo de si, como expressão de humildade. São
maneiras de falar próprias das antropologias dos tempos, incómodas em mundo que
exalta, de todas as maneiras, os valores e a dignidade do homem. A humildade
aparece hoje como obra de arte antiga que precisa de restauro, pois a atitude
espiritual a que os autores de todos os tempos dão tanta importância - e que se
continua a chamar humildade - está no âmago do espírito de Jesus, proclamado nas
bem-aventuranças. Não é arcaísmo que se possa deitar fora, nem questão
facultativa, acessória ou periférica.
Certas caricaturas que dela se
fizeram, ao longo dos tempos, e a identificaram com condições sociais e
culturais, ou com atitudes de amorfo ou de invertebrado, desvirtuaram - tiraram
a força - à energia da verdade e do amor. Não confundamos o humilde com o parvo
que se cala quando tem razão, ou com o tímido que se encolhe quando é agredido.
Muito menos com o resignado, perante situações de injustiça pessoal ou coletiva.
É verdade que, ao chegar a sua hora e quando «tudo estava consumado», Jesus se
entregou, sem resistência, aos verdugos, porque assim era necessário para
revelar um amor até ao extremo. Não o fez por fraqueza, mas em plena liberdade,
no cumprimento da missão que o Pai lhe confiara. Antes disso, encontramos um
Jesus, manso e humilde de coração que desmascara, com frequência, a hipocrisia
dos fariseus, denuncia a corrupção dos poderosos, ou expulsa os vendilhões do
templo. Encontramo-lo a argumentar e a defender-se perante as ciladas dos
inimigos, ou até a derrotá-los com as mesmas armas que eles utilizavam: «De onde
provém o batismo de João? Do céu ou dos homens? ... Eles não souberam responder
... » (Mt 21, 25 ss.). E quando, no sermão da montanha, afirma, a certa
altura, «se alguém te bater na face direita oferece-lhe também a outra» (Mt
5, 39), não está a proibir a digna oposição aos ataques injustos, ou o
combate ao mal no mundo, mas sim a condenar a vingança de quem paga o mal com o
mal, ou a proclamar um amor para além do obrigatório: «Se alguém te obrigar a
acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas» (Mt 5, 41).
Que o mesmo é dizer: não penses demasiado nos teus direitos e põe-te sempre a
favor dos outros. Não chegam as páginas de um livro para continuar a dizer que a
humildade, em Jesus, é coluna vertebral da sua vida e missão: o humilde é homem
sem medo, porque se esquece de si.
A humildade pode entender-se a
partir de vários ângulos, segundo as suas diferentes manifestações. Também se
pode entender na raiz e identificá-la com o próprio espírito de Jesus, suporte
das bem-aventuranças. Sendo arcaica a palavra, para alguns contemporâneos, não
podemos eliminá-la do nosso vocabulário espiritual, sob pena de deitarmos por
terra uma atitude básica da espiritualidade cristã. Não havendo outra, para já,
que a substitua, é preciso reencontrar-lhe o sentido, apesar das caricaturas
acima referidas. A humildade é, no sentido bíblico e no da tradição cristã,
atitude eminentemente religiosa que nasce na relação do homem com Deus, e
«transforma o pobre em homem de Deus». Diz respeito à relação da criatura
perante o Criador e à verdade dessa mesma relação. A humildade, na Bíblia, é
atitude da criatura pecadora, diante do Todo-Poderoso, três vezes santo. O
humilde reconhece que recebeu de Deus tudo o que é e tudo O que tem; depois de
ter feito tudo o que tinha a fazer, o humilde reconhece-se servo inútil, ou
seja, não se apropria dos dons de Deus para glória pessoal; o humilde sabe que
por si não é nada e abre o coração à graça. Os humildes procuram os interesses
dos outros e ocupam o último lugar. Não tocam, por isso, trombeta diante de si,
nada fazem para serem vistos pelos homens , nem a sua mão esquerda sabe o que
faz a direita. A humildade é suporte da fé. Como consequência, também está na
base da relação fraterna.
Israel aprende a humildade de
várias maneiras: ao fazer a experiência da omnipotência de Deus que salva o
povo, como único Senhor, ao fazer a experiência da pobreza, na provação coletiva
das derrotas e do exílio, ou na provação individual da doença e da opressão dos
fracos. Essas humilhações levam Israel à consciência da incapacidade radical do
homem e da miséria do pecador que se separa de Deus; daí se volta para Deus de
coração contrito e humilhado, em humildade feita de dependência total e de
docilidade confiante. O «resto» de Israel será humilde e pobre.
O Messias é manso e humilde, e é
Messias dos humildes. Não procura a sua glória pessoal; humilha-se ao ponto de
lavar os pés aos discípulos; aniquila-se ao fazer-se homem e servo, e ao
percorrer um caminho até à morte de cruz.
A humildade é o lado oculto do
amor: é preciso seguir o caminho desta humildade nova e da mansidão, para
praticar o mandamento novo. Todas as bem-aventuranças são a lei nova do amor, ou
a pedagogia dela - o seu lado oculto - e supõem, por isso, uma espiritualidade
pascal, de morte e ressurreição. Amar é sair de si; para sair de si é preciso
esquecer-se de si. Para caminhar em direção ao «êxtase» (estar fora de si), é
preciso um «êxodo» (sair de si). Quer dizer que o espírito de Jesus, que está na
base de todas as bem-aventuranças, é o espírito da humildade. Como é a face
escondida do amor, também tem uma morte e uma ressurreição. A humildade será,
portanto, nesta perspetiva, a capacidade de esquecimento de si - a morte do
egoísmo - em função do Outro ou dos outros. Isso é a ressurreição.
Sem ela, seríamos simplesmente
pobres, ou mansos, ou misericordiosos, ou tristes... A humildade é atitude
próxima da fé, da esperança e da caridade. Podemos colocar o espírito de Jesus -
a atitude habitual da sua alma humana, que o leva a nada poder fazer por si
próprio se não vir o Pai fazê-lo, a humildade de Jesus - como sustentáculo da
sua união permanente com o Pai. O Filho é aquele que está voltado para o seio do
Pai, esquecido de si. Está no Pai, conhece o Pai, vive pelo Pai, não tem outro
alimento senão fazer a vontade do Pai, nada faz que o Pai não lhe dê a
fazer.
Quem caminha para o «nada», de que
nos falam os místicos, aproxima-se de Deus. O espírito de Jesus - a humildade
que tentamos descrever - só tem sentido em perspetiva religiosa, pois o nada é
espaço do Tudo. Despojar-se ou esvaziar-se é deixar outras esperanças (pontos de
apoio ou fundamentos de felicidade), para encontrar a Esperança e colocar em
Deus a confiança única e total. Assim eram os pobres de Yavé, os anawin,
regressados do cativeiro, despojados de tudo, a quem o sofrimento ensinou a
humildade autêntica; esta é sempre acompanhada pelo abandono nas mãos de Deus e
leva à certeza de que o Senhor está perto, e não abandona quem n'Ele confia.
Ainda que falte tudo.
Da mesma maneira, as
bem-aventuranças são sete, oito ou nove situações (podem ser muitas mais) -
situações humanas concretas que implicam um comportamento moral - em que o
espírito de Jesus se vive, em estreita relação com o amor do Pai, derramado nos
corações. Sem elas, o amor não é verdadeiro. Os pobres, os mansos, os
misericordiosos, os que têm fome e sede de justiça, são homens modestos que não
fazem alarido, que pensam pouco em si próprios e que, por isso mesmo, não têm
medo de dar a cara. A humildade é, neles, energia de aceitação de si próprios
que lhes dá capacidade de integração de todas as coisas, define a sua
personalidade de homens e prepara-os para serem perseguidos por causa da
justiça. São homens unificados que não esperam nada de nada e, por isso, podem
olhar o mundo pelo prisma de Deus, com olhos de misericórdia, de justiça, de
pureza ... Homens que vivem o espírito de Jesus vão reproduzindo neles a Sua
imagem.
Na oração, vive-se tudo isto como
experiência vital. Se o objetivo da oração é o de buscar e encontrar a Deus,
quem ora despoja-se, esvazia-se de si e de todas as coisas, para que Deus seja
tudo. Convém notar que o nada de que falamos, e o tudo de Deus em nós, não são
realidade feita nem acabada: são caminho no qual se entra e pelo qual se vai. É
próprio da alma humilde não se afligir por causa da lentidão com que avança e
tudo esperar do Senhor que também não tem pressas. A pedagogia divina adapta-se,
misteriosamente, à nossa debilidade, e não se assusta com ela: também se adapta
ao ritmo do crescimento humano, que não pode ser mais rápido, em muitos casos,
sob pena de se destruir. O jardineiro, que cuida a sua planta, rega-a e poda-a,
mas não puxa por ela para a fazer crescer mais depressa. O que o Senhor pede de
nós é a fé. Na lentidão, precisamente, se prova a fé, a paciência e a
constância. Quem anda em humildade também não se aflige ao ver a meta ainda
longe, nem lhe interessa saber a que distância está dela. O que importa é estar
no seu caminho. Jesus é o caminho.
Santa Teresa perguntava-se, um dia,
por que razão era o Senhor tão amigo da humildade. E veio-lhe de repente uma
luz: «É porque Deus é suprema verdade e que a humildade consiste em caminhar
segundo a verdade. Ora é uma grande verdade que nós, por nós mesmos não temos
nada de bom... Quem não compreende isto caminha na mentira...».
A humildade verdadeira nasce na
contemplação da criação: tudo o que somos, e tudo o que temos de bom, vem de
Deus - «todos os bens e dons descem do alto», dizia Santo Inácio; são dados
gratuitamente, na criação ou redenção; não são devidos como se a eles houvesse
um direito. Conhecê-los e agradecê-los faz parte do caminhar em verdade e do
crescer no amor: «Não trate (alguém) de umas humildades que há ... que lhes
parece humildade não entender que o Senhor lhes vai dando dons - diz Santa
Teresa. Entendamos bem, como é isso, que no-los dá Deus sem nenhum mérito nosso,
e agradeçamo-lo a Sua Majestade; porque se não conhecemos que recebemos, não
despertamos para amar ... É coisa muito clara que amamos mais a uma pessoa
quando muito se recorda as boas obras que nos faz». Aparências de humildade,
como toda a aparência, não fazem crescer no amor. São doença do espírito tão
grave como a vanglória. Conhecer o que Deus dá - capacidades naturais ou as
maravilhas da graça - faz conhecer o seu jeito de amar e desperta o coração para
o amor. Conhecer o dom gratuito, acolhê-lo e pô-lo a render, faz «entrar (a
pessoa) na alegria do seu Senhor» (Mt 25, 21), e manifesta a glória do
Criador. Conhecer os dons, todos os dons, reconhecer neles a santidade de Deus e
louvá-lo por eles, faz-nos lembrar, outra vez, a humildade da sua serva que
dizia: «O Senhor fez em mim maravilhas, santo é o seu nome» (Lc
1,49).
Apropriar-se dos dons, para fazer
deles motivo de glória pessoal (isso é a vaidade), é uma espécie de roubo. Roubo
de uma glória que pertence ao Criador. Podemos e devemos entender e sentir que
os dons pessoais, e os do mundo inteiro, manifestam a glória do Criador, mas não
inverter o sentido das coisas com um retomo da glória sobre si próprio, como se
os dons não fossem dons, mas coisa devida. Na raiz do pecado está uma
transformação do dom em coisa devida, ou uma apropriação do que se deve acolher:
como se um homem, ao conhecer o presente que um amigo lhe vai dar, lho roubasse,
substituindo o acolhimento pela apropriação. É a tentação de se apoderar da
condição divina quando ela é oferecida, para a ter antes de tempo, autonomamente
conquistada. «Sereis como Deus» (Gen 3, 5): para ser como Deus, basta
apoderar-se do fruto - por isso é que ele é proibido; é uma pressa de ter, já,
uma glória que Deus oferece e que há de amadurecer a seu tempo, reconhecida. Na
raiz do pecado há uma falta de paciência que leva a pessoa a querer já, por sua
conta, o que lhe há de ser oferecido depois, como dom.
É doentio não ver nem reconhecer os
dons de Deus, em si próprio, na Igreja e no mundo, e mais doentio ainda chamar
humildade a essa estreiteza de vistas. Referimo-nos a pessoas que se acham
sempre infradotadas, no plano da natureza ou da graça, ou veem o mundo com
miopia. As causas da doença radicam, muitas vezes, na educação, humana ou
religiosa, que deixou confusões de conceitos e atitudes, e medos. A pedagogia
não era certamente a da verdade, criadora de liberdade e, por isso, se era
muitas vezes convidado a esconder ou ignorar o que era bom, não viesse a
vanglória dar cabo de tudo. A humildade verdadeira é outra coisa: é atitude de
reconhecimento e acolhimento do dom como dom - a ação de graças é inerente - e
atribuição da glória, como manifestação do resplendor divino, ao Criador. A
humildade, que consiste em 'caminhar segundo a verdade' é movimento de ida sem
volta; o humilde, esquecido de si, procura a glória de Deus, sem retomo. Acolhe
o dom e não quer outra coisa senão que a santidade de Deus se manifeste, no dom
reconhecido e acolhido.
O vaidoso, pelo contrário, quer a
glória para si. A glória de Deus, oferecida como dom, quere-a já, como direito,
mas não tem onde ir buscá-la senão à glória dos homens - ao aplauso ou aos
louvores que vêm dos outros. No fundo, o vaidoso não aceita a dependência do dom
- a glória que vem de Deus - e proclama para si uma glória e uma felicidade
autónomas; não espera de Deus o presente - o dom - e apodera-se dele antes do
tempo, com os meios que tem à mão: cultiva a própria imagem e a que os outros
têm dele, para subir no conceito dos homens. A felicidade ficará por aí,
trepidante, à mercê de um conceito que pode mudar com os ventos: o seu
fundamento existe agora e pode não existir amanhã. Felicidade inquietante: como
se pode ser feliz hoje, com a possibilidade de o não ser amanhã?
Voltamos ao sermão da montanha:
«Guardai-vos de fazer as vossas obras diante dos homens para vos tomardes
notados por eles ... Quando deres esmola, não permitas que toquem a trombeta
diante de ti, como fazem os hipócritas ... a fim de serem louvados pelos homens.
Em verdade vos digo, já receberam a sua recompensa» (Mt 6, 1-7). Assim
como quem diz: se pões a tua esperança na glória dos homens, tê-la-ás (talvez),
mas a tua felicidade ficará por aí. É a tua, exclusivamente tua; apoderaste-te
dela. Não faças assim, porque ficas enclausurado, fora da lógica do dom, que é
esta: «Quando deres esmola, pelo contrário, que a tua mão esquerda não saiba o
que faz a direita... » (ib.), para que os teus horizontes se abram à glória que
Deus te oferece - «teu Pai que vê no oculto recompensar-te-á» (ib.). Deixa essa
glória que não presta - é pequena e passageira, indigna de ti - e abre-te à
esperança, no acolhimento do dom de Deus e à glória que Ele te dará: a que virá
no fim dos tempos em plenitude e que já te é dada agora, em embrião, destinado a
crescer. Não tenhas pressa: ele cresce devagarinho. Na lentidão e na paciência é
que se vive a esperança. Aceita a liberdade na dependência, porque essa é a
verdade da tua vida: não podes existir e ser feliz na existência, só por
ti.
Se se opõe à esperança, a vaidade
opõe-se também à fé: «Como podeis acreditar, vós que tirais a glória uns aos
outros e não buscais a glória que vem de Deus?» (Jo 5,41-44). A
humildade está na base da fé e, portanto, da caridade. Ela é a outra face do
amor.
A oração dos
humildes
Toda a oração dos humildes é de
acolhimento do dom. O dom é a vida de Deus, Deus em pessoa, em três pessoas. É
tudo o que a vida de Deus é: amor, alegria e paz. Vida em abundância, que o
coração humano não pode suspeitar, mas que vai saboreando quando a acolhe e se
entrega. Não imaginemos o dom de Deus com a avareza da nossa pequenez, como
coisa que Deus desse com muito regateio, ou com exigências de tal ordem, que lhe
tomassem o acesso quase impossível, ao comum dos mortais. Essa era a visão do
jansenismo. Não. Deus só pede um coração humilde, capaz de acolhimento. A sua
grande alegria é a de se comunicar por inteiro. As suas delícias encontra-as
junto dos homens"; a sua morada é o coração humanol82; o que Ele dá é nascente
da água que jorra para a vida eterna. Em oração - e fora dela, se a vida é toda
oração - o humilde é recetáculo dessa torrente; fica, apenas, abismado e
reconhecido, contente por dar ao Senhor a alegria de dar.
Fica inundado, em profunda paz,
aquela que Jesus dá. Paz como ausência de medos e inquietações, e paz como
harmonia que vem de Deus, inexplicável em termos de linguagem, destinada a
crescer em tons e matizes cada vez mais profundos, com a certeza inabalável de
que nada, nem ninguém, a poderá roubar, nem a morte, nem a vida, nem os
principados nem as potestades ... Nem a própria fragilidade: «Esta é humildade
falsa que o demónio inventava para desassossegar-me e experimentar se pode
trazer a alma ao desespero ... A humildade verdadeira ... não vem com alvoroço,
nem desassossega a alma, nem obscurece, nem dá secura, antes a regala com
quietude, com suavidade, com luz». Paz que aumenta de grau com novidade, a ponto
de se imaginar, em cada um desses momentos, que os anteriores não eram paz, e de
encontrar em cada um, nova luz, que se adentra sempre mais longe.
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Luís Rocha e Melo, SJ
* In Se tu soubesses o dom de Deus, Editorial A.O., Braga, 1999, pp. 76-87
Esta transcrição omite as notas de rodapé
Seleção de Teresa Messias, professora na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa
* In Se tu soubesses o dom de Deus, Editorial A.O., Braga, 1999, pp. 76-87
Esta transcrição omite as notas de rodapé
Seleção de Teresa Messias, professora na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa
Fonte: Site português:
http://www.snpcultura.org/quaresma_2013.html
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