Computadores tomarão a forma
de óculos, pulseiras e relógios
Mais que acessórios modernos
e ligados à moda,
objetos vestíveis estenderão
os sentidos e a memória
No futuro, você terá dispositivos
tecnológicos acoplados ao corpo, mas esqueça o visual robótico. Os computadores
vestíveis -conhecidos em inglês como "wearables"-, classe de equipamentos que
toma a forma de roupas e outros acessórios, serão objetos fashion, que vão se
misturar com as peças do vestuário comum.
Em desenvolvimento por universidades, hackers e
empresas, dispositivos vestíveis ainda causam estranheza pelo visual. Em
janeiro, Sergey Brin, cofundador do Google, chamou a atenção ao desfilar, no
metrô de Nova York, com o Google Glass, óculos futurísticos da empresa.
Mas isso vai mudar. "Os vestíveis não serão
'populares', mas 'normais'. A categoria tem um problema no nome, porque os
produtos atuais, na maioria, não podem ser vestidos. Eles são desajeitados, não
combinam e demandam hábitos que não temos", diz Sonny Vu, executivo-chefe da
Misfit Wearables, empresa emergente no setor.
"Você não precisa carregar a bateria da sua
camiseta. Por que você teria que aprender isso?", exemplifica.
Os dispositivos tomarão a forma de óculos,
pulseiras, calçados, relógios e outras peças do armário -algo que já é visto em
alguns itens à venda, como os sensores Nike+, que ficam embutidos nos calçados
de quem corre.
Assim, o corpo terá, além de sensores (que
poderão ainda controlar o metabolismo, por exemplo), câmeras, painéis que
funcionam como monitores e alertas sonoros.
"Mas, para fazer tudo isso, eles precisam ser
socialmente aceitáveis. Quem sabe um vestível da Rolex, disfarçado de relógio?",
diz Rico Malvar, cientista-chefe do Microsoft Research, braço de pesquisas da
empresa do Windows.
MEMÓRIA AUMENTADA
Os vestíveis também poderão estender a
capacidade dos sentidos e da memória.
"As funcionalidades serão parte de você, que
não gastará dez segundos para saber quem telefona, e sim dois", explica Thad
Starner, professor na Universidade Georgia Tech e diretor técnico do projeto do
Google Glass.
Os melhores sistemas, diz ele, não vão
interromper o mundo real -pense nos perigos de olhar o smartphone enquanto
dirige o carro- e, sim, fazer parte dele.
Além disso, eles terão a capacidade de melhorar
nossos sentidos. Por exemplo, dar um zoom para enxergar melhor o rosto de alguém
que está do outro lado da rua.
Com um sistema vestível, surgirá também aquilo
que Starner batizou de "memória aumentada", informações que não estão no seu
cérebro, mas que aparecerão velozmente à frente dos seus olhos, enquanto uma
situação se desenrola.
Usuário de óculos futuristas desde 1993,
Starner demonstrou isso durante uma entrevista à Folha. "Não converso com
um jornalista brasileiro desde 1999", disse ele, como se recordasse naturalmente
da data. Ele também soube informar o nome e o e-mail do profissional.
Gerhard Tröster, chefe do laboratório de
computação vestível do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (Suiça),
afirma que existem dois desafios para que isso ocorra: "Os preços precisam cair,
e os componentes eletrônicos precisam fazer parte da cadeia de fabricação para
garantir a produção em escala".
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Reportagem por BRUNO
ROMANICOLABORAÇÃO PARA A
FOLHA
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tec/97986-dispositivos-para-vestir-sao-o-futuro-tecnologico.shtml
11/03/2013
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