Seth Wenig - 9.set.2012/Associated Press - Modelo disfila usando o Google Glass na New York Faschion Week | |
O futuro terá aparelhos e sistemas mais
inteligentes, conectados e fáceis de usar. Mas, para chegar a ele, será
necessário superar desafios difíceis.
"Temos nos bolsos um poder computacional maior
do que o usado para enviar a Apollo à Lua", diz Brian David Johnson, futurólogo
da Intel. Mas é um poder caro. "Há muitas pessoas sem acesso a isso."
"A interface homem-máquina é um problema" | ||
Paulo Iudicibus, diretor de novas tecnologias e
inovação da Microsoft, acha que o acesso poderá ser ampliado com a esperada
"explosão de dispositivos de vários preços, tamanhos e tipos".
Esse conjunto de novos aparelhos e sensores
precisará também ser fácil de usar.
"A interface homem-máquina é um problema", diz
Fernando Martins, presidente da Intel Brasil. Para ele, a capacidade de o
computador entender o que vê -algo que poderia facilitar muito o uso dele- ainda
é "bastante limitada".
"Por que, ao comprar um eletrônico, você
precisa aprender a usá-lo? Não deveria ele aprender como você quer usá-lo?",
questiona Steve Furber, professor da Universidade de Manchester e um dos
criadores do processador ARM.
"Mas isso requer que o produto monte um modelo
de seu usuário, assim como nós montamos modelos das pessoas com quem
interagimos. Isso exige muitos avanços em inteligência natural, uma área que
ainda não foi resolvida porque entender o cérebro humano é um desafio muito
difícil."
Para Johnson, a solução pode estar na própria
onipresença de poder computacional. "Podemos começar a interagir com tecnologias
não apenas por meio de toque, voz ou gestos, mas simplesmente vivendo com elas.
Em um mundo rodeado por poder computacional, seus dispositivos poderão ter um
entendimento muito mais profundo de quem é você e poderão mudar conforme as suas
necessidades."
Tanta evolução exigirá um uso de energia mais
eficiente, diz Furber. Segundo ele, o custo de ter um computador hoje está mais
concentrado no uso total de energia do que no preço do hardware.
O maior desafio para avançarmos, diz Johnson, é
a nossa própria imaginação, "a nossa habilidade de pensar os futuros que nós
queremos viver e também os futuros que nós não queremos viver".
Para Iudicibus, o próprio ser humano é o maior
obstáculo. Ele lamenta que a tecnologia ainda seja pouco usada para resolver
grandes problemas da humanidade, como desigualdade, analfabetismo, epidemias e
doenças incuráveis. "Nós mesmos podemos ser a barreira do poder que poderíamos
criar com a tecnologia."
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Reportagem por EMERSON KIMURA DE SÃO
PAULO
Fonte:
Folha on line, 11/03/2013
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