sexta-feira, 1 de maio de 2015

" Momento Desafiador "

Editorial Zero Hora


150501_princ_sex_web
Ao contrário do que ocorreu nos quatro anos de seu primeiro governo, a presidente Dilma Rousseff optou por mudar sua forma de comunicação com os trabalhadores neste Dia do Trabalho, inclinando-se agora a recorrer mais às redes sociais. A intenção está ligada ao temor dos chamados panelaços, mas reflete acima de tudo o fato de o governo ter pouco a dizer e nada a celebrar nesses primeiros quatro meses da nova administração. Ainda assim, como ensinam os melhores empreendedores, crises como a atual constituem-se também em momentos de desafios e oportunidades. As responsabilidades são do governo, mas o desafio de aproveitá-las com eficiência é de todos os brasileiros.
Neste ano, o balanço inevitável para todo trabalhador numa data de grande simbolismo como o 1º de Maio é particularmente desanimador. Mesmo com uma estimativa de retração da atividade produtiva de 1,1% neste ano, a taxa básica de juros alcança níveis só comparáveis ao de dezembro de 2008, quando a economia global enfrentava a sua maior crise. A taxa elevada demais, no momento em que a economia encolhe de forma preocupante, é consequência de uma inflação muito acima da meta. Em meio ao aumento do custo de vida, dos juros e do recuo da atividade produtiva, o trabalhador enfrenta inevitavelmente o temor do desemprego, que em março já se elevara a 6,2%, prenunciando um período de angústias e sacrifícios para toda a sociedade.
Obviamente, tantos números desfavoráveis a consolidar uma realidade que contraria as promessas de campanha e compromete muitos dos avanços sociais e econômicos registrados nos últimos anos têm um potencial para gerar frustração e até mesmo revolta. Ainda mais que as razões para a situação ter chegado a este ponto vão muito além da crise internacional, alegada pelo governo. Em grande parte, as explicações estão num somatório de interesses eleitoreiros e de descaso com o rigor fiscal, cujas consequências agora recaem sobre todos os brasileiros.
Ainda assim, com as instituições democráticas funcionando a pleno, sem tréguas no combate à corrupção, o país mantém a esperança de que logo terá condições de superar a turbulência e pleitear um novo período de desenvolvimento. O desafio não é só do governo: é de todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário