quinta-feira, 21 de maio de 2015

" Política de Imigração "

Editorial Zero Hora


É estarrecedora a notícia de que o governo do Acre reiniciou nesta semana o transporte de levas de imigrantes haitianos e africanos para outros Estados, repetindo o que fez no ano passado. 

Por mais que as autoridades acrianas digam que não há como acolher tanta gente, é inaceitável que a alternativa seja simplesmente a transferência de um problema que o Brasil ainda não soube enfrentar.

 Pelo menos oito ônibus com estrangeiros já foram autorizados a viajar para Porto Alegre nesta semana, e a prefeitura da Capital só soube disso pela imprensa, porque uma das táticas do governo do Acre é embarcar os imigrantes sem qualquer aviso ao Estados escolhidos como destino.

Obviamente, os refugiados devem receber tratamento digno, mas de forma organizada e articulada entre municípios, Estados e União. Desde o começo do fluxo migratório, provocado principalmente pelo terremoto de 2010 no Haiti, o Brasil vem tratando o assunto com improvisos. 

Tanto que o Rio Grande do Sul já recebeu grupos de imigrantes, no ano passado, remetidos pelo Acre, uma das portas de entrada dos estrangeiros. Além dos haitianos, muitos africanos têm tentado a sorte em território brasileiro, de forma clandestina, na tentativa de forçar a regularização de suas situações e, logo adiante, conseguir trabalho.

A expectativa criada pelo pleno emprego fomentou as migrações, mas o que os haitianos enfrentam há muito tempo é o fracasso de sonhos e projetos. 

Não há estrutura capaz de receber tal contingente, de forma emergencial, e faltam políticas de médio e longo prazos para a gestão de um drama que hoje atormenta vários países. 

O enfrentamento da imigração exige racionalidade, desde que não se descuide do fato de que essa é essencialmente uma questão humanitária.

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