Coordenadora de projetos sociais da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho
A escola é muito séria. Carteiras enfileiradas, silêncio em sala, celular desligado. O conhecimento é passado da mesma maneira: o professor fala para quarenta alunos. Na primeira hora, Matemática; na segunda, História. Recreio. Sirene. Retorno. Porta fechada, reinício da aula. Vejo a nuca da minha colega.
Tenho tanto a conversar com ela, tantas ideias para compartilhar. Agora preciso resolver questões. Final da manhã. O que aprendi? Não lembro. Final da manhã. Acho que tenho uma ideia que vai mudar o mundo. Final da manhã. Preciso estudar para o vestibular. Final da manhã. Quero jogar World of Warcraft.
Esse é o cotidiano de muitos adolescentes. Vão para a escola para aprender conteúdos separados em matérias que pouco dialogam com a sua vida. E qual é o resultado? Para Ken Robinson, o guru dos criativos, a escola como ainda está molda indivíduos desacreditados de seu potencial e de sua criatividade.
Pesquisas realizadas pelo Instituto Ayrton Senna e pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam que o aluno do século 21 precisa ter competências socioemocionais para encarar os desafios da atualidade. Segundo essas pesquisas, a abertura para novas experiências, extroversão, amabilidade, consciência e estabilidade emocional melhoram o desempenho dos alunos e o aprendizado em sala de aula.
Para o alcance dessas competências socioemocionais e, consequentemente, de um ensino voltado para a colaboração e criatividade, é essencial que o professor se torne um mediador. Em vez de uma pessoa falando para outras quarenta, teremos quarenta e uma pensando e criando juntas. Trata-se de uma mudança cultural: a escola se torna um espaço criativo em que o conteúdo é aprendido de maneira interdisciplinar e colaborativa.
Na vida é assim. Cada indivíduo aprende de forma diferente, entre crises,
tropeços e iluminações. A escola para ser consistente no presente precisa se abrir para as novas tecnologias e metodologias voltadas para a construção de um indivíduo integral: que pensa, sente, brinca e cria. A escola não deve ser tão séria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário